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Cidades/Geral
Sábado - 29 de Janeiro de 2011 às 19:27
Por: Alline Marques

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Para quem acredita que passar pela experiência de ser feito refém por assaltantes em sua casa é traumático, é talvez porque não precisou dos serviços da polícia, pois isto sim pode ser ainda mais constrangedor, diante do sentimento de fragilidade e impunidade que o cidadão sente.

O analista de sistema Jerônimo Vicente Farias passou por esta sensação. Ele foi rendido por dois bandidos quando saia de casa na terça-feira (25), no bairro Nova Várzea Grande. Ele foi feito refém junto com a empregada e viu os ladrões fazerem o “limpa” em sua residência, porém o trauma maior estava por vir, conforme ele mesmo conta em entrevista ao Olhar Direto.

Após o assalto, Jerônimo procurou a delegacia de Roubos e Furtos, localizada no bairro onde mora, porém foi informado pelo plantonista que não havia ninguém que pudesse registrar a ocorrência. Isso porque, os dois escrivães estavam de licença médica.

Em seguida, seguiu para a Delegacia Regional onde enfim conseguiu registrar o boletim, mas como queria que fosse realizada uma perícia em sua casa teve de se dirigir até o Centro Integrado de Segurança e Cidadania, localizado no bairro Parque do Lago, para que um delegado autorizasse a realização da perícia. Detalhe: não havia delegado na Regional.

Além disso, o analista queria passar as descrições dos bandidos, pois conta que prestou bastante atenção nos assaltantes, mas o atendente, demonstrando a maior má vontade, disse que não seria necessário, somente na fase de inquérito. “Coloquei minha vida em risco para olhar a cara dos bandidos para nada”, reclamou.

Jerônimo então foi até o Cisc para que o delegado assinasse a solicitação da perícia, que então foi até sua casa. “Os peritos fizeram questão de deixar claro que nada daquilo adiantaria. O que eles passam é que nada vai ser feito e que o problema é seu, que melhore a sua segurança. Quando foram embora nem me deram satisfação, eu que fui atrás deles e perguntei o que seria feito, informaram-me apenas que após a conclusão o relatório seria enviado à delegacia responsável pelo caso”, relatou.

Outra indignação da vítima é referente ao banco de imagens de suspeitos da polícia. Isso porque, na delegacia do bairro foi orientado a olhar o book da polícia, mas quando chegou lá na quinta-feira (27) além da falta de organização dos funcionários, porque o atendente saiu perguntando onde estaria o álbum, ele ainda teve de ficar na frente de um computador e procurar o local onde estaria armazenado as imagens.

Quando encontrou notou que haviam mais de 22 mil fotografias de meliantes, porém em péssima resolução, o que dificulta a identificação, além disso, ele ficou por mais de meia hora olhando fotos, cerca de 500, e ainda estava na letra “A”, pois o álbum estava organizado em ordem alfabética.

“Nossa polícia não tem inteligência. A incapacidade dos que estão lá dentro é absurda. Hoje em dia com tantos meios de filtragem, mídias sociais, e a nossa política não tem essa inteligência, não qualidade”, afirmou indignado.

Jerônimo se disse ainda indignado com o descaso com que foi tratado nas delegacias que percorreu. Segundo ele, um dos escrivães chegou a fazer piada sobre o fato dos bandidos terem levado sua aliança. “Pode ter certeza de que se perdi o sono não foi pelo assalto e sim pela certeza de que nada vai mudar, ao contrário, só tende a piorar”, desabafou.

A certeza da impunidade é tanta que os assaltantes invadiram três casas vizinhas num período de três dias. Os roubos ocorrem a luz do dia e os bandidos sequer se preocupam com a possibilidade da polícia aparecer.

Outro lado

A assessoria da Polícia Civil informou que o caso será informado à delegada regional de Várzea Grande, Sílvia Virginia, para que medidas administrativas sejam tomadas. Segundo ela, a delegacia do bairro deveria ter registrado o boletim de ocorrência, mas será analisado os motivos pelos quais não foram.






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