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Agronegócios
Sexta - 28 de Janeiro de 2011 às 20:51
Por: Alda do Amaral Rocha

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Os preços do milho dispararam no mercado doméstico de um ano para cá e atingiram o maior patamar em dois anos na última semana. Atraso na colheita, demanda forte e problemas na oferta de milho no exterior explicam o aumento. A valorização alcança 66% na região de Campinas, segundo a Safras & Mercado. Lá a saca do cereal saiu do intervalo de R$ 19,30 a R$ 19,50 há um ano para R$ 32 a R$ 32,50 atualmente.

De acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa, considerando a cotação de R$ 31,54 a saca, da semana passada, o aumento foi de 63,5% em 12 meses. A cotação foi a maior desde 16 de janeiro de 2008, quando ficou em R$ 31,76, segundo o Valor Data. Ontem, o indicador recuou 0,52%, para R$ 31,38.

"Há escassez de milho no Paraná e em São Paulo", afirma Felipe Netto, analista da Safras. Ele observa que a colheita da safra de verão está apenas se iniciando e há algum atraso nos trabalhos no campo por causa das chuvas nas regiões de produção de São Paulo e Minas Gerais. A expectativa é de que a colheita comece entre a primeira e segunda quinzenas de fevereiro nessas regiões, estima Netto. Normalmente, já teria começado.

Na prática, a colheita só se iniciou no Rio Grande do Sul, segundo relatório da Céleres. Na avaliação da consultoria, o quadro de preços elevados em relação a 2010 deve permanecer "até que grandes volumes da nova safra entrem no mercado". Isso deve aliviar o problema de oferta visto nesta entressafra do milho, mas os preços ainda poderão ficar firmes, diz.

Segundo o relatório, as chuvas têm atrapalhado também a colheita de soja em Mato Grosso, onde é forte o cultivo de milho da safrinha, semeado depois que oleaginosa é tirada do campo. Isso pode atrasar o plantio do grão, dando sustentação aos preços. Segundo a Céleres, empresas já fazem oferta em dólar pelo milho que será plantado na safrinha para garantir o insumo da ração de aves e suínos.

Felipe Netto, da Safras, acrescenta que a demanda por milho é forte, pois há aumento na produção de carnes no país.

O cenário doméstico está sendo influenciado também pelo mercado internacional do milho, onde os preços já subiram 77,10% em 12 meses, como mostram os números da bolsa de Chicago. Ontem, o contrato com vencimento em maio fechou a US$ 6,65, com queda de 2 centavos de dólar. Há um ano, no dia 22 de janeiro, estava em US$ 3,755 por bushel.

O combustível para a alta é a demanda por milho por parte da indústria americana de etanol. Também contribui a forte queda nos estoques de milho, estimados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A última previsão mostra que o estoque de milho nos EUA deve ficar em 18,92 milhões de toneladas na safra 2010/11, bem abaixo dos 43,38 milhões do ciclo anterior. Para os estoques mundiais, a estimativa é de 127 milhões de toneladas ante 147 milhões em 2009/10.

Netto lembra que a quebra na safra argentina de milho também sustenta as cotações. "A Argentina é o segundo maior exportador mundial do grão. Uma oferta menor afeta todos", afirma. Na semana passada, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou a safra 2010/11 em 19,5 milhões de toneladas, 850 mil toneladas a menos que o previsto uma semana antes. Além disso, a China deve seguir demandando milho, acrescenta o analista da Safras.

Atento às altas, o governo federal já ofertou 1,2 milhão de toneladas de milho em leilões desde novembro passado. Nesta semana, vai leiloar 354,3 mil toneladas.

No ano que passou, o Brasil, que exportou 10,8 milhões de toneladas de milho graças aos leilões de PEP, um tipo de subsídio ao frete.  






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