Delegado diz que cadeirante fez ameaças após briga por vaga
O delegado Damasio Marino disse, em depoimento à corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, que o advogado e cadeirante Anatole Magalhães Macedo Morandini ameaçou sua noiva por telefone. Luciana Borsois de Paula também é advogada e está grávida de quatro meses.
A ameaça, segundo o delegado, aconteceu após ele ter agredido o cadeirante, em discussão por vaga de estacionamento em São José dos Campos (SP), na semana passada. Morandini nega.
O cadeirante repreendeu o delegado por ter estacionado seu carro em vaga pública destinada a deficientes físicos. E afirma que foi agredido com coronhadas pelo delegado. Cinco testemunhas disseram à corregedoria que viram o delegado usar a arma para bater e ameaçar Morandini.
Já Marino nega ter usado a arma, mas admite que deu "dois tapas" no cadeirante após ser xingado e receber uma cusparada no rosto.
No depoimento, o delegado afirma que estacionou na vaga restrita, que fica em frente a um cartório, após dar duas voltas no quarteirão e não encontrar lugar para parar o carro.
Como a noiva precisava de um serviço do cartório, que estava prestes a fechar, mas não poderia caminhar uma longa distância por enfrentar uma gravidez de risco, Marino diz que optou por estacionar o carro no espaço destinado a deficientes.
O delegado disse que Luciana "entrou em estresse emocional" após a confusão e começou a passar mal. Pouco depois, quando já estavam na casa dela, a advogada recebeu ligação de Morandini.
"Ao atender, o indivíduo disse ser o Anatole e gritou com ela, ameaçou pegá-la dizendo "vou te pegar, vou te pegar"", declarou o delegado.
De acordo com Marino, Luciana teve "sangramento uterino" provocado pelo nervosismo e teve que ser internada "dado o risco de abortamento."
O delegado culpa o cadeirante pelo estresse que "quase provocou o abortamento do filho do casal."
Morandini confirmou ontem que telefonou para Luciana, mas nega que tenha a ameaçado. Ele afirma que reconheceu a colega de profissão na hora da agressão e que lhe telefonou mais tarde para perguntar quem era Marino --até então, ele não sabia que se tratava de um delegado.
O cadeirante atribui a declaração do delegado a uma tentativa de se defender das acusações de agressão e fazer parecer que ele foi o causador da confusão.
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