Abuso de bebidas gera altos gastos públicos
Doenças provocadas exclusivamente pelo alcoolismo, além da invalidez e morte precoce em decorrência do abuso de bebidas geram um gasto público estimado em R$ 8.562.680.331,00, ao ano, conforme a pesquisa de doutorado da professora da Universidade de Brasília (UnB), Andréa Gallassi. Os homens representam 79,67% da população afetada e a faixa-etária mais acometida por problemas é dos 40 a 49 anos.
Para chegar ao montante, a professora usou dados de 2007 do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) relacionados ao total de internações, de atendimentos ambulatoriais e de registros de mortalidade hospitalar das doenças diagnosticadas como causas diretas do abuso do álcool no Brasil, como a cardiomiopatia alcoólica, gastrite alcoólica, doença alcoólica do fígado, pancreatite crônica induzida por álcool e síndrome alcoólica fetal.
O estudo não contabiliza a oneração dos cofres públicos por conta de acidentes de trânsito e trabalho relacionados ao alcoolismo, mostrando que os custos da saúde pública podem ser muito maiores que o apresentado no levantamento.
A professora destaca que entre as drogas licitas e ilícitas, o álcool é mais consumida no mundo, sendo que no Brasil o percentual é de 12,3%. O uso de cocaína no país, por exemplo, fica em torno de 1%. A doutora ressalta que os gastos públicos são muito altos com esses problemas e os valores poderiam ser investidos em outras ações para beneficiar a população como um todo.
A psicóloga e analista Débora Canavarros, gerente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps-AD) que trata dependentes de álcool e drogas em Mato Grosso, revela que 60% dos pacientes que procuram tratamento na unidade são relacionados ao álcool. Ela comenta que os homens são os que mais buscam apoio, porém há muitas informações de mulheres alcoólatras. Débora explica que normalmente os pacientes chegam ao Caps com a saúde física e mental bastante debilitada, muitos sem a possibilidade de reversão do quadro.
Na pesquisa elaborada pela doutora Andrea estima-se que no Centro-Oeste, onde está localizado Mato Grosso, os gastos foram de R$ 935.799.783,00. O estudo não foi realizado por estado, mas mostra o impacto causado em cada parte do país.
O Sudoeste gerou o maior custo em decorrência do uso abusivo do álcool, com mais da metade do valor total do país: R$ 4.829.791.323,00. no Norte, Nordeste e Sul o custo social foi de R$ 255.097.103,00; R$ 1.025.139.711,00; e R$ 1.931.717.630,00, respectivamente.
Andréa explica que a regionalização das informações permite que o governo desenvolva políticas públicas de prevenção ao consumo de álcool de maneira mais eficaz. "O estudo mostra quais são os locais mais vulneráveis e isso permite que seja feito um trabalho mais direcionado. Não dá para tratar igual o que é diferente".
Metodologia - Para chegar ao custo social do uso abusivo do álcool, por ano, a pesquisadora realizou cálculos a partir dos Anos de Vida Perdidos por Mortalidade e Incapacidade, multiplicados pelo valor do rendimento médio mensal de todos os trabalhos assalariados no Brasil, calculado por sexo e nível de escolaridade.
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