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Cidades/Geral
Sábado - 22 de Janeiro de 2011 às 07:49
Por: Alecy Alves

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As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais Julio Müller, em Cuiabá, e Regional de Sorriso, no norte do Estado, devem ser reabertas na próxima segunda-feira. Ambas estão fechadas há 9 dias, desde a morte de uma paciente de 22 anos, na qual foi detectada a presença da superbactéria KPC, responsável por dezenas de mortes por infecção em hospitais de outros estados.

Ontem pela manhã, durante entrevista coletiva, o superintendente de Vigilância em Saúde do Estado, Oberdan Ferreira Lira, e o médico infectologista do Hospital Universitário Julio Müller, Francisco Kennedy, ambos da Comissão Estadual de Controle de Infecção Hospitalar, descartaram a possibilidade de disseminação da bactéria e contaminação de outros pacientes. Os dois também consideraram as unidades aptas ao recebimento de novos pacientes.

A informação indica, conforme Lira e Kennedy, que a bactéria não foi adquirida, mas desenvolvida no organismo da própria paciente. Provavelmente, avaliam, pelo uso prolongado de antibiótico, internações longas e repetitivas em unidades intensivas e a baixa imunidade da doente. Apenas em Cuiabá, ao dar entrada na UTI do Julio Müller, os exames da paciente foram positivos para KPC, apresentando colonização da bactéria no trato gastrointestinal da paciente. As análises laboratoriais anteriores, feitas em Sorriso, foram negativas, como informou Lira.

A mulher, segundo os médicos, não morreu em decorrência da KPC, mas por septicemia (infecção generalizada) e falência múltipla dos órgãos. “Ela era um caso grave que vinha de outras internações em UTI’”, completou o superintendente de Vigilância.

O infectologista Francisco Kennedy alertou que o fato de não haver outros pacientes com a KPC não significa que os riscos desapareceram. Conforme Kennedy e Lira, a rapidez nos procedimentos, entre os quais a “precaução de contato”, uma espécie de isolamento do portador da bactéria para maior controle e acompanhamento, fizeram a diferença.

Entretanto, mesmo com o resultado negativo para outros internados, Kennedy disse que o alerta permanece sobre a necessidade de monitoramento contínuo assim como a manutenção das medidas preventivas para pacientes de UTI. Esse trabalho, informaram eles, está sendo feito pela Comissão Estadual de Controle de Infecção Hospital. A KPC, asseguram os profissionais de saúde, não atinge pessoas com boas condições de saúde. É mais susceptível naqueles que passam por tratamento hospitalar longo com emprego de sonda vesical, cateter venoso central e cânula de traqueostomia. O contágio pode ocorrer pelo contato com secreções ou excreção de pacientes infectados ou colonizados pela bactéria multirresistente.

A lavagem correta das mãos após contato com cada paciente é o principal procedimento de prevenção, lembrou Kennedy. Isso significa que o controle depende muito dos profissionais de saúde, desde o técnico que faz o raio-X do paciente até o médico que atua na UTI.

ANTIBIÓTICOS – Desde que posta em vigora a recente normativa da Anvisa para a venda de antibióticos apenas com duas cópias da prescrição médica, em 1º de janeiro, o Conselho Regional de Farmácia não registrou nenhuma denúncia de irregularidade em Cuiabá. A medida foi adotada justamente para impedir a resistência de bactérias ao uso indiscriminado dos produtos.






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