Muitas pessoas acreditam que eleitos para Legislativo têm pouco compromisso com a população e outros creem mais em quem vai comandar o Executivo
Populares têm dúvidas sobre políticos em MT
O bancário Fabrício Souza, 25, é também estudante de Ciências Contábeis em uma universidade particular de Cuibá e afirma que seu descontentamento com a classe política se deve aos repetidos escândalos de desvio de dinheiro público.
"O que percebo é sempre a promessa de melhoria em educação, saúde e segurança que são serviços diretamente ligados a qualidade de vida do cidadão. Mas, a realidade é outra, os deputados só legislam em causa própria e o poder Executivo atende aos interesses de um pequeno grupo de poderosos. Não consigo enxergar transformação social alguma", comentou.
Por outro lado, o taxista Lazaro Pereira Passos, 64, se mostra confiante com relação ao grupo político que administrará Mato Grosso nos próximos quatro anos. "Considero Blairo Maggi o melhor governador que este Estado já teve e não será diferente com Silval Barbosa. Ele foi vice-governador, tem experiência, conhece a administração pública e vai fazer a coisa andar".
Para o filósofo Manoel Motta, um dos motivos da descrença da população brasileira com à classe política se deve a apresentação excessiva pela imprensa de irregularidades no poder público. "A democracia no Brasil permitiu que uma ampla cobertura dos veículos de comunicação em relação aos poderes constituídos, o que é relevante para conhecimento da sociedade que exige a partir disso aperfeiçoamentos. Por outro lado, não se vê com a mesma intensidade benefícios a população diretamente ligados à classe política".
O estudioso ressalta ainda que o desconhecimento da população em relação às atribuições dos poderes constituídos estimula a permanência de um Estado muitas vezes conservador que não prioriza a evolução social. "O Brasil ainda sofre pelo baixo índice educacional, mas, é necessário afirmar também que muitos dos universitários e profissionais com nível superior não sabem o papel do Legislativo, Executivo e Judiciário. A realidade política só aumenta com o nível de consciência, o que posteriormente leva ao exercício da cidadania. Fora disso, tudo permanece como está".
As competências dadas ao Legislativo e Executivo que na visão de Motta fogem das suas atribuições, contribuem para um cenário deturpado. "O papel de um deputado não é articular-se para liberação de emendas, mas lutar pelo aperfeiçoamento das leis que que no Brasil são defasadas. Hoje, a medida provisória se transformou em instrumento no qual o presidente da República legisla sem consultar o Congresso Nacional".
Um dos exemplos de desmotivação é o aposentado Waldomiro José do Prado. Aos 65 anos, afirma que não vê motivação alguma para acreditar na classe política. "Ao longo desta vida, aprendi que vereadores e deputados só ficam na conversa e nada resolvem. A única esperança é acreditar no Executivo para melhorar a vida do povo, mas ainda assim está cada dia mais complicado".
Com 23 anos, a estudante de filosofia Fabiana Moraes revela que mantém preocupação com a política desde a adolescência, embora não tenha participação no movimento estudantil, e acredita que o futuro do país passa pela consciência política. "Não dá para reclamar sem preocupar-se com o que ocorre no cenário político. Devemos exercer a cidadania diariamente, conhecer nossos direitos em busca de uma sociedade mais justa".
Integrante do Movimento Cívico de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o advogado Vilson Nery se revela desconfiado com o desempenho da classe política de Mato Grosso. "Muitos do que foram eleitos ao Legislativo estão envolvidos em práticas de corrupção e visam atendem aos interesses de um pequeno grupo. Hoje, a situação é tão bizarra que vemos até suspeitos de graves irregularidades falar em eficiência e seriedade nos gastos públicos".
Descrédito - Ser político no Brasil significa ser alvo de desconfiança. É o que indica pesquisa feita pela GfK, uma das principais empresa de mercado do país, com base em um ranking elaborado para medir o grau de confiança da população sobre 20 grupos de profissionais e organizações. O resultado foi divulgado em junho de 2010.
Apenas 11% das pessoas entrevistadas afirmaram confiar nos políticos. Muito diferente da Holanda, onde o índice chega a 32%.
Por outro lado, os bombeiros são apontados como confiáveis por 98% dos brasileiros, seguidos carteiros por 92% e professores dos ensinos fundamental, médio e médicos com 87%) são as outras carreiras que figuram no topo das mais confiáveis.
Defesa - Eleito para o sexto mandato de deputado federal, Wellington Fagundes (PR), afirma que não se sente preocupado com a reprovação popular a imagem do político e acredita que cada parlamentar deve se preocupar com a qualidade do seu trabalho. "Sempre tenho percorrido municípios do interior dialogando com a população para identificar melhorias sociais e o resultado disso veio nas urnas. Consegui na última eleição mais de 100 mil votos, o que reflete que o povo mato-grossense reconhece meu trabalho, o que me deixa muito feliz".
O deputado federal Valtenir Pereira (PSB), que será empossado no segundo mandato, comenta que é necessário evitar generalizações. "Existem os bons e maus profissionais, assim como os políticos. Mas, a população está madura politicamente e sabe reconhecer quem trabalha pelo coletivo daquele que prioriza interesses meramente pessoais".
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