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Sexta - 14 de Janeiro de 2011 às 10:28

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O “mercado imobiliário” das casas populares está, de fato, em ebulição em Grosso. Em Juara, no Noroeste do Estado,  uma mulher identificada como D.C.A. confessou ter adquirido um imóvel no Jardim Eldorado.  Ela relatou que tomou essa iniciativa por não ter onde morar e o antigo proprietário ter proposto a ela vender o imóvel, já que o mesmo iria embora para o estado do Paraná.  Casos como esse, segundo ela, são comuns não apenas em Juara, mas na grande maioria dos loteamentos cujas casas foram construídas pelo Governo Federal.

No loteamento, ela diz saber de pelo menos quatro casos de pessoas que foram contempladas com a casa própria e acabaram “negociando”  por dinheiro o direito de habitação.  Mais que isso: as transações imobiliárias desse tipo de imóvel flui com rapidez. Com custo considerado ainda baixo por conta dos poucos benefícios, as casas são vendidas logo que são anunciadas.

Tanto que D.C. A. faz uma revelação impressionante: diz ser a quarta pessoa a morar na casa, vendida anteriormente três vezes. A moradora informou que pagou uma certa quantia que foi ajuntada por seu marido, que inclusive teve que vender uma motocicleta para chegar no valor combinado. A moradora é mãe de dois filhos e revelou não ter onde morar se for expulsa da residência.

A mulher  disse ainda já ter procurado a Assistência Social para se inscrever nos Programas Habitacionais do Governo, mas sempre ouve a resposta que é preciso ‘ter mais filhos para ser beneficiada".

"Então quer dizer que vou sair fazendo filho para ganhar a casa? Agente vai lá e eles mandam fazer filho, ai quando agente chega lá de novo eles falam que tem que fazer os papéis de novo, ficam fazendo agente de besta" - reclamou.

Muito revoltada com a situação, D.C.A.  revelou que existem vários casos similares ao seu no Jardim Eldorado onde pessoas que não precisam ganharam casas e ainda por cima dizem ter vergonha de morar na localidade.  "Tem gente aqui que tem carro e moto do ano enfrente de casa. Se eu tivesse um carro vendia, comprava uma casa pra mim e dava essa casa para outra pessoa morar. Tem muita gente que eu conheço aqui que tem sítio... todo mundo que mora aqui não precisa", classificou.

A mãe da moradora D.C.A também reside no bairro e informou saber de vários casos de venda de casa. Ela mora no Jardim Eldorado há seis anos, desde quando o bairro foi fundado e confirmou que várias pessoas já passaram por aquela casa. Ela questionou a Assistência Social que, segundo ela, coloca pessoas erradas para morar nas casas e isso é evidente pela quantidade de pessoas que mudam das residências e acabam vendendo-as.

Dona "L" denunciou um caso similar onde uma mulher que morava sozinha, não era casada e nem tinha filhos vendeu uma casa que foi ganha por sua mãe por R$ 15 mil. "Será que a mãe dela precisava dessa casinha? Se a mãe precisasse dessa casinha estaria aqui, por que tem seis anos que estou aqui e mãe dela nunca relou o pé naquela casa. Ela vendeu a casa, porque não deu para outra pessoa que precisava?", disse. No Eldorado, segundo a mulher,  "há vários casos de pessoas que venderam sítios e casas para morar lá".






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