Atacante do Fluminense convocou entrevista coletiva para explicar sua decisão
Washington anuncia sua aposentadoria do futebol

Foi difícil segurar o choro. Em uma sala de imprensa lotada também por familiares, companheiros, membros da comissão técnica e dirigentes, Washington, aos 35 anos, anunciou que está largando o futebol. Aos prantos, o agora ex-atacante do Fluminense agradeceu a todos e fez questão de frisar que não está pendurando as chuteiras por problema de saúde.

Em 2003, Washington teve problemas cardíacos detectados e ficou um ano sem jogar, ao passar por um cateterismo. Voltou aos campos na temporada seguinte, sendo artilheiro do Nacional pelo Atlético-PR e ganhando o apelido de "Coração Valente".

- Queria deixar claro que não deixo o futebol por problema de saúde. Fiz os exames em dezembro e todos mostraram que eu estava liberado para jogar. isso não me impediu. A decisão foi minha. Pensei assim: "está bom". Não vai ser um ano que fará diferença. Tenhos outros projetos para o futuro.

Campeão do Brasileiro 2010 pelo Fluminense, Washington encerra por cima sua carreira, se declarando "tricolor de coração". Pelo time das Laranjeiras, foram 83 jogos, com 45 gols e 42 vitórias. O centroavante também foi vice-campeão da Libertadores em 2008.

- O Fluminense é minha casa. Amo de paixão esse clube e consegui nesse retorno ajudar no sonhado título brasileiro.

Durante a entrevista coletiva, em Mangaratiba (RJ), Washington caiu no choro diversas vezes. Depois de anunciar o adeus, recebeu a presença de suas duas filhas, Ana Carolina (8) e Catarina (3). Ambas cantaram a música da torcida tricolor para o jogador: "Coração Valente, guerreiro tricolor, Washington é matador!".

Depois, no fim, recebeu alguns companheiros e novamente caiu nos prantos. Ricardo Berna, Tartá, Marquinho, Rafael, Leandro Euzébio e Fred o abraçaram. O capitão homenageou o amigo: "Esse é um exemplo de vida para todos".

Confira os principais trechos da entrevista coletiva

ADEUS
- Quero comunicar a vocês todos que estou deixando o futebol. Estava me preparando para jogar esse ano ainda. Mas conversei com o Celso ]Barros], o Alcides [Antunes, vice de futebol], e pensei muito. Foi um momento difícil demais. Mas é preciso ter humildade e hombridade. O que dei para o futebol e o futebol para mim não vai se apagar. Realizei meu sonho.

FLUMINENSE
- O Fluminense é a minha casa, amo de paixão esse clube. Consegui nesse retorno ajudar no grande título, o sonhado título do Brasileiro. Essa torcida maravilhosa merecia muito isso. Quero dizer obrigado torcida tricolor e obrigado a todos que me admiram.

COMPANHEIROS DE FLU
- Até evitei falar com eles. Eu olho para algum jogador e começo a chorar. Vou conversar agora, antes do treino. São meus amigos. Não vou aguentar e vou chorar muito. Cada um terá uma palavra de conforto e força. Encerro a carreira em um grupo maravilhoso e só terei boas lembranças.

POR QUE PARAR?
- Não foi nenhum motivo que me fez parar, mas uma decisão minha em deixar o futebol. Queria deixar claro que não deixo o futebol por problema de saúde. Fiz os exames em dezembro e todos mostraram que eu estava liberado para jogar. Isso não me impediu. A decisão foi nossa, foi dizer assim: "está bom". Não vai ser um ano que fará diferença. Vou fazer 36 anos em abril e de repente não vale à pena fazer mais esforço.

CARREIRA
- Agora é um filme que começa a passar. Saí de Brasília, fui para Caxias [RS], exterior. Minha volta ao futebol em 2004. O Constantine [médico que o acompanha] comprou a briga e me deixou em condições de jogar futebol. A história que tive nos últimos anos foi porque ele existiu na minha vida.

EXEMPLO
- O maior orgulho que tenho, não só de me apresentar dentro de campo, é saber que fui exemplo de vida para várias pessoas. Muitos torcedores me mandam mensagens dizendo isso. Vários já falaram que superaram seus problemas ao ver eu superando o meu.

LIBERTADORES 2011
- Podia disputar essa Libertadores, mas não mudaria muita coisa na minha vida. Também sinto muito em deixar o futebol nesse momento. É triste para mim, mas vou continuar torcendo pelo Fluminense e tentarei ajudar meus companheiros. Vou torcer muito por eles. Meu pensamento positivo vai chegar no grupo.

LIBERTADORES 2008
- Fica a sensação ruim de perder aquela Libertadores. Nunca vi na minha vida uma festa tão linda e acho que nunca verei. Resgatamos depois de muitos anos um carinho e amor do torcedor pelo clube. Não perdemos a Libertadores, mas ganhamos uma grande torcida.

JOGO DE DESPEDIDA
-Claro que gostaria, mas isso depende do Alcides, do Muricy, do futebol do Fluminense. Claro que gostaria de mais uma apresentação para a torcida, mas vamos amadurecer alguma coisa. Não queria sair sem dar um tchau para a minha torcida.

FUTURO
- Vou estudar, me especializar para dar algo ao futebol sem ser dentro de campo. Vou me preparar para isso. Tenho também uma dupla sertaneja, João Pedro e Gabriel, penso em empresariar mais duplas e jogadores. Agora esse vai ser meu novo ramo.