Daltro e Bezerra em rota de colisão pela MT Fomento
O vice-governador Chico Daltro e o presidente do PMDB e deputado federal, Carlos Bezerra entraram em rota de colisão. Motivo: o comando da MT Fomento, empresa de fomento mercantil que é utilizada pelo governo para promover políticas desenvolvimento, ou seja, utiliza-se de recursos públicos para serem emprestados ao micro, pequenos e grandes investidores no intuito de gerarem recursos e mais emprego e renda.
Com 64 cargos, sendo 50 comissionados e 14 de carreira e um Patrimônio Líquido, de aproximadamente R$ 12,9 milhões, a MT Fomento é a vedete não apenas por causa de sua capacidade de investimento, mas, também poder ser utilizada de forma política através da concessão de empréstimos sem nenhum controle como já foi amplamente discutido no primeiro mandato do então governador, hoje, senador eleito, Blairo Maggi (PR) e quando a entidade era conduzida pelo então secretário Chefe da Casa Civil, Eder Moraes.
Alegando que a entidade goza do benefício do sigilo bancário e fiscal, Eder Moraes sempre se negou a prestar contas das operações de crédito realizadas pela MT Fomento que inclusive chegou a patrocinar empréstimos para grandes empreiteiras ligada ao Governo do Estado.
O atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Valter Albano da Silva que sempre cobrou publicamente que a entidade teria a obrigação de prestar contas, já que o os recursos são provenientes dos cofres do Estado, acabou sendo voto vencido dentro da própria instituição, mas, no julgamento do balancete de 2009 e julgada no ano passado, mesmo com a aprovação da contas com recomendações, ficou implícito que o desempenho da empresa estava vinculado a favores a terceiros e os prejuízos já começaram a ser notados e contabilizados.
O MT Fomento além dos quase R$ 13 milhões de Patrimônio Líquido que são considerados como Ativo Circulante de Longo Prazo, portanto a instituição tem esse valor a receber, mas isso poderá demandar muito tempo - já que a grande parte desses recursos se encontra emprestados, o órgão teve ainda em 2010 orçamento superior a R$ 7 milhões, o que demonstra o “poder de fogo” da entidade, aliado ao fato de não prestar contas ao TCE desperta o interesse dos mandatários do Poder Constituído. Dos R$ 7 milhões de recursos mais de R$ 2 milhões foram consumidos, apenas, com a folha de pagamento bruta, ou seja, sem contabilizar os descontos de lei.
A situação de luta entre ambos os líderes do PMDB e do PP chegou a tal ponto que o governador Silval Barbosa (PMDB) teve que intervir e anunciar que ele, na condição chefe de Estado, escolheria os três diretores da instituição - o presidente e outros dois. A disputa, no entanto, está longe de ser concluída, tanto é que Chico Daltro faz investidas junto ao seu partido, para indicar, se não o presidente, mas pelo menos uma das diretorias.
Permanece à frente do MT Fomento Arcleidy Dias Pereira, indicado e homem de confiança do secretário Eder Moraes, que no outro lado da disputa tenta convencer o governador de que o melhor é não mexer na composição da autarquia, tentando manter seus tentáculos no máximo de estrutura pública a fim de justificar o que ele mesmo comenta nos corredores do Palácio Paiaguás - de ser considerado o “supersecretário”, ao qual todos os demais devem estar vinculado para cumprimento das ordens do chefe do Executivo Estadual.
Já Carlos Bezerra defenderia o nome de José Luiz Bezerra, homem de sua estrita confiança que acabou sendo preso na Operação Higeya por suposto envolvimento no desvio de recursos da Fundação Nacional de Saúde, Funasa, órgãos do Ministério da Saúde.
No outro lado do imbróglio que é a administração pública está o vice-governador, Chico Daltro - que diferente do próprio Silval Barbosa, enquanto vice de Blairo Maggi teve uma conduta forte, porém, sempre como aliado do governador e nunca contra o mesmo - quer ocupar o máximo de espaço possível, preocupado com a possibilidade do governador não deixar o cargo ao final do terceiro ano do seu mandato de quatro anos.
Comentários