Chuvas deixam 271 mortos na região serrana do Rio
O número de mortos em Petrópolis, incluindo as áreas de Itaipava, subiu para 34, segundo o Corpo de Bombeiros. No total, as fortes chuvas na região serrana do Rio, desde terça-feira, deixaram 271 mortos.
De acordo com a prefeitura de Teresópolis, 130 pessoas morreram. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, são 107 mortos em Nova Friburgo --entre eles três bombeiros.
Mais de 1.000 homens dos Bombeiros, Defesa Civil e prefeituras trabalham nos regastes nas três cidades. Nove helicópteros, sendo 7 do Estado e 2 da Marinha, ajudam nas operações.
Os trechos da BR-116, entre Teresópolis e Além Paraíba, e BR-495, entre Petrópolis e Teresópolis, estão interditados. Vários pontos da BR-040 estão com tráfego em meia pista e com desvios. Na RJ-116 também há trechos atingidos por deslizamentos.
CHUVA
As chuvas que atingiram a região entre a noite de ontem e a manhã desta quarta-feira se aproximaram do esperado para todo o mês de janeiro inteiro, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Em 12 dias, já choveu em Nova Friburgo 84% a mais do que o volume esperado para todo o mês. Das 9 h de ontem às 9 h desta quarta-feira, foi registrado um índice pluviométrico de 182,8 mm --o índice esperado para janeiro inteiro era 199 mm. Desde o começo do ano, as chuvas acumuladas na cidade são de 366,8 mm. Cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado.
A região do vale do Cuiabá foi a mais atingida na cidade, com a água subindo mais de cinco metros de altura. Muitas casas foram destruídas pela força das águas do rio Santo Antônio.
Já em Teresópolis, o volume de chuva registrado nas mesmas 24 horas chegou a 124,6 mm. Com isso, as chuvas acumuladas no mês chegaram a 219 mm. O esperado para o período era de algo entre 140 e 200 mm.
O Inmet não tem números sobre a chuva em Petrópolis. A previsão do instituto é que as chuvas fortes continuem nos próximos dias, na região serrana e em outras áreas do Estado do Rio.
AJUDA
O governador Sérgio Cabral (PDMB) conversou no começo da tarde de hoje com a presidente Dilma Rousseff para tratar das medidas emergenciais em relação à tragédia causada pela chuva. Cabral está em férias com a família, fora do país, e só chegará ao Rio amanhã.
Depois, Dilma assinou uma medida provisória liberando R$ 780 milhões para ajudar os Estados atingidos pelas fortes chuvas dos últimos dias.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, visitou na tarde desta quarta-feira as áreas afetadas. A visita é uma das medidas do governo federal acertadas pelo ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para ajudar o Estado. Ele se reuniu em Brasília com o senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ). A conversa foi acompanhada via conferência telefônica pelo governador Cabral.
O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), coordenou em campo as operações dos bombeiros e Defesa Civil. Segundo ele, a situação é muito grave, e em alguns lugares o acesso só é possível por helicóptero.
RELATOS
Donos de casas nas localidades de vale do Cuiabá, em Petrópolis, disseram que a região ficou inteiramente isolada, sem luz, água e telefone. O economista José Roberto Afonso tem uma casa em um condomínio da região e disse que a chuva destruiu a ponte de acesso ao local.
"A gente está desesperado. O caseiro me ligou às 6h30. Ele me disse que a chuva arrastou carros, tudo o que tinha pela frente e destruiu a ponte. Ele me disse ainda que os pais do nosso eletricista morreram afogados e que há mortos entre os hóspedes de uma pousada no local", disse. Ele fez um apelo para que a Defesa Civil chegue ao local por via aérea.
O caseiro Manoel Cândido da Rocha Sobrinho, 45, descreveu a situação no vale do Cuiabá como "um mar de lama", após o temporal que atingiu a região. Segundo ele, a chuva começou por volta das 22h de ontem, mas começou a cair torrencialmente durante a madrugada.
"Moro aqui há 25 anos. Nunca tinha visto algo assim. Moro em um local mais alto, mas quando olho para baixo só vejo um mar de lama. A maioria das pessoas se salvou subindo em árvore ou correndo para lugares mais altos", disse.
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