Presos denunciam maus tratos em Cadeia Pública de MT; diretor nega
Detentos da Cadeia Pública de Cáceres entregaram nesse domingo (02) ao juiz Substituto da Vara de Execuções Penais da comarca, Geraldo Fidelis, um documento denunciando mais tratos e violação de direitos. Dos 400 reeducando 326 assinaram a denúncia.
Conforme o documento, presos que já tinham ganhado o benefício de cela livre, por exemplo, não foram liberados, sem qualquer explicação. As revistas mais violentas, feitas pela Polícia Militar, começaram depois que foi encontrado um quilo de cocaína dentro da unidade prisional.
A direção da penitenciária foi recentemente trocada. O ex-diretor Lindomar Lira, que é agente prisional de carreira, foi substituído por Cleyton Norberto Leôncio da Silva, enviado de Cuiabá para Cáceres. Assim que tomou posse, o novo diretor enviou uma lista de presos condenados a serem transferidos para penitenciárias do Estado. O juiz barrou.
“Foi um pedido feito às vésperas do Natal, e isso com certeza geraria revolta. Daqui só sai o preso que a Vara de Execuções determinar”, disse o juiz, que fez uma visita à cadeia, percorrendo todas as alas e ouvindo os presos.
Alguns, de outras regiões do Estado, disseram que querem mesmo a transferência. Na opinião do juiz, o “bonde”, como é chamada a transferência na linguagem dos presos, tem que obedecer a critérios.
Além disso, os detentos reclamaram da qualidade da comida e o juiz prometeu que vai tentar melhorar a situação, assim como investigar todas as denúncias. Entre as denúncias, está a agressão sofrida por um detento, Marco Antonio, da Ala C. Bloco 2, teria tido a perna quebrada por um policial militar, durante uma revista.
Os dois, policial e detento, tiveram problemas pessoais e durante uma revista, o preso, que se recuperava de uma fratura na perna, foi derrubado pelo policial, que deu uma coronhada de fuzil na perna do detento, provocando nova lesão.
Há ainda a denúncia de agressão sofrida por uma agente carcerária que, ao dizer à PM que não havia necessidade de tamanha violência contra os detentos, teve gás de pimenta borrifado em se rosto. O juiz afirma que assim que recebeu o documento instaurou uma investigação.
No documento, os presos afirmam que não querem se rebelar. “Isso seria ruim para todos”. Mas afirmam que conhecem seus direitos, que estão sendo desrespeitados. “Somos seres humanos e nossa pena é a privação da liberdade, não ser tratados como animais”.
O comandante da Polícia Militar, coronel Jadir Metelo da Costa, e o novo diretor, que está há apenas uma semana no cargo, negam a violência. “Eles estão reclamando porque perderam regalias. Tiramos várias televisões, até aparelhos de Playstation e celulares durante as revistas, além da droga encontrada”.
Com capacidade para 200 detentos, a cadeia tem hoje 440 presos. Só não assinaram o abaixo assinado os presos que estão no “castigo” ou no “seguro”. As próprias famílias cuidaram de divulgar os fatos, entregando cópias do documento às autoridades, como Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Direitos Humanos e Conselho da Comunidade. As informações são do Jornal Oeste.
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