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Internacional
Segunda - 03 de Janeiro de 2011 às 01:05

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Imagine o que é sofrer um acidente e passar 18 anos em uma cadeira de rodas, sem poder andar. E, de repente, essa pessoa sai andando. Não é milagre. É o progresso da medicina que fez Amanda Boxter caminhar.

Foi um dia muito mais colorido do que qualquer um de nós poderia imaginar. Quando Amanda e o cachorro Tucker percorreram o último trecho de calçada no caminho até o laboratório foram atrás de uma expectativa que parecia perdida 18 anos atrás, desde que Amanda sofreu um acidente de esqui em uma montanha nevada. Ela sentiu uma corrente elétrica como um choque descendo pelo corpo e nunca mais mexeu nada da cintura para baixo.

"Quando eu perdi os movimentos das pernas, um médico veio até meu quarto no hospital e disse que eu jamais voltaria a andar. Tirou toda a esperança que existia dentro de mim", conta Amanda Boxtel.

As palavras do médico ainda latejavam na cabeça de Amanda naquela quinta-feira, até quando ela já estava ali, diante do equipamento que prometia o que talvez não fosse mais impossível, mas ainda era muito improvável. Como ela poderia andar, se quase a metade da vida foi na cadeira de rodas?

Amanda confia muito nos engenheiros da Berkeley Bionics, porque acompanha a pesquisa desde os primeiros testes. Dentro do instituto, ela viu o exoesqueleto que eles fizeram para as Forças Armadas Americanas. Com ele, soldados conseguem levantar objetos de 90 quilos como se fossem plumas, e seres humanos correm por horas e horas, incansáveis, como se fossem robôs.

Assim, a mulher que continuou atleta até mesmo depois da cadeira de rodas virou uma espécie de piloto de testes, sempre sob o olhar atento do cachorro. "Queremos que as pessoas se levantem e andem o mais rapidamente possível", disse Eythor Bender.

Quando Amanda abandona a cadeira de rodas, começa a vestir uma tecnologia que, segundo os criadores, mistura robótica e inteligência artificial. Nas costas, está um computador de última geração, ligado a sensores que são colocados nos pés, nos joelhos e na cintura, para captar a intenção de Amanda.

“A máquina não decide sozinha”, explica o engenheiro de computação John Fogelin. "Mas, uma vez que você sinaliza que está pronto para dar o passo, você tem um computador com inteligência artificial para completar aquele movimento".

Os assistentes fazem os últimos ajustes e se certificam de que o equipamento está bem preso ao corpo da paciente. Depois de um clique no botão, chega o grande momento.

Amanda surpreende e levanta de primeira. Em seguida, testa o equilíbrio do corpo em busca de firmeza e segurança. Ela precisa de muletas. Afinal, é preciso lembrar que ela não tem nenhuma força nas pernas.

Assim que a mente de Amanda diz ao corpo que gostaria de andar, a região em volta da cintura, a última parte que ainda responde ao cérebro, transmite essa mesma ordem ao computador. Isso acontece porque os sensores traduzem os mínimos movimentos de Amanda, e a máquina diz ao robô pra andar na direção exata em que ela tentou se mexer.

Enfim, depois de 18 anos de espera, qual é o sentimento de Amanda? "Você consegue imaginar: ficar paraplégico, sempre sonhar com isso e, de repente, não ter mais que sonhar? Essa é a minha realidade", destaca a americana.

Amanda faz questão de ressaltar que está caminhando e ao mesmo tempo conversando com o repórter, sem se cansar. Ela também não sente o peso do equipamento, porque ele é feito para se sustentar por conta própria. São baterias potentes que, supostamente, aguentam um dia inteiro de caminhada.

Ainda que pareça simples, do ponto de vista tecnológico, é algo complicadíssimo. "Quanto mais você estuda o ato de andar, mais você percebe como é um modelo mecânico complexo. É um ato contínuo de cair e retomar o equilíbrio, o que é muito complicado de reproduzir em um computador", ressalta o engenheiro John Fogelin.

Mas, agora que robótica avançou muito, o software está perfeitamente afinado, e a máquina navega com perfeição. Amanda Boxter se aventura calmamente pelo laboratório.

Na cadeira de rodas desde os 24 anos e agora, aos 43, depois de fazer o que nem o médico mais otimista poderia imaginar, ela fala outra vez em esperança.

"Não existe mais razão para não sonhar. Isso está acontecendo neste momento. A percepção dos médicos sobre o futuro de paciente com paralisia mudou, seja por meio de tratamentos com células-tronco ou com a tecnologia robótica. Agora dá para dizer: "você vai se levantar e caminhar". E eu estou fazendo isso, desafiando todas as probabilidades", afirma Amanda.

Por fim, Amanda faz questão de exibir a conquista ao companheiro Tucker. E o dia termina com um convite inesperado para ele: vamos caminhar? 





Fonte: Canal F

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