Brasil deve evitar autoendeusamento, diz economista
Para o economista Roberto Teixeira da Costa, um dos fundadores do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e ex-presidente do Conselho de Empresários da América Latina, o Brasil deve parar de se endeusar. "Quem viveu bastante, como eu, sabe que o mercado é volátil."
Para que o país consiga se inserir de forma mais competitiva na economia global, Costa aponta a reforma política como uma das principais tarefas para o futuro e diz que, ao tentar conter o gasto público, o governo deve ficar atento para "não matar a galinha dos ovos de ouro".
Folha - O crescimento recente esteve muito calcado no aumento dos gastos públicos. Como continuar crescendo com o corte desses gastos?
Roberto Teixeira da Costa - Essa é a grande discussão não só no Brasil como no exterior. Na Europa, todos estão fazendo cortes pesados para atender Orcamentos mais equilibtrados. Mas diminuir a renda disponível, em uma primeira fase, tem efeito perverso. Você melhora as contas públicas, mas piora o consumo. E é preciso ficar atento para não matar a galinha dos ovos de ouro. No Brasil, o BC e a Fazenda terão que ficar atentos para que o corte não seja traumático.
Mas como o governo pode fazer isso?
Não pode ficar no autoendeusamento e achar que está tudo uma maravilha. Quem ja viveu o suficiente, como eu vivi, sabe que o mercado é muito volátil. Uma grande coisa ou pequenas coisas somadas podem mudar tudo.
Também é preciso administrar com seriedade e não descuidar das reformas. Sinto uma leniência, uma complacência, com elas. Temos necessidade de reforma tributária, previdenciária, trabalhista... e de reforma política, que alguns dizem que é a mãe de todas as reformas.
Hoje temos uma gestão de partidos nos país. Entre os nomes que vi indicados aos ministérios no novo governo, vejo pessoas que não podemos apontar como experts.
Como o sr. vê o crescimento da economia brasileira no ano que vem?
Certamente não vamos crescer com a mesma intensidade.Tudo indica que alguns fatores que predominaram em 2010, como o crescimento do crédito, não vão se repetir em 2011. Ainda assim temos espaço para crescer cerca de 4%, o que é uma taxa boa nas circunstâncias atuais.
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