Mesmo sem greve, 4 em cada 10 voos atrasam no país
Apesar da ameaça de greve dos funcionários das companhias aéreas não ter se concretizado, 4 em cada 10 voos atrasaram no país nesta quinta-feira, antevéspera de Natal.
Balanço divulgado pela Infraero (estatal que administra os aeroportos) às 23h aponta que dos 2.560 voos domésticos programados desde a 0h, 1.024 sofreram atrasos acima de 30 minutos --o que representa 40% do total. No mesmo período, 107 voos foram cancelados.
Entre os dez maiores aeroportos, havia mais atrasos no aeroporto Tom Jobim (Galeão), onde mais da metade dos voo domésticos programados --52%-- estavam atrasados. Ainda houve dois cancelamentos.
No aeroporto de Guarulhos (Grande SP), 112 dos 221 voos domésticos atrasaram, o que representa 51%. Em Congonhas, na zona sul de São Paulo, foram registrados atrasos em 119 dos 251 voos --47%. 32 voos foram cancelados no aeroporto.
PARALISAÇÃO
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, afirmou que os aeroviários estão fazendo um protesto no Galeão que deve durar até a 0h. Segundo ela, o objetivo é fazer uma paralisação de 20% dos funcionários.
O protesto leva em conta a decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), diz Balbino, que obriga a manutenção de um efetivo de 80% dos trabalhadores do setor aéreo.
Uma outra decisão, da Justiça Federal do Distrito Federal, proibiu a organização de qualquer greve em todo o país até 10 de janeiro, sob pena de multa de R$ 3 milhões por dia no caso de descumprimento. Balbino disse que não havia sido notificada de qualquer decisão judicial.
A presidente afirma que serão feitas manifestações semelhantes nos aeroportos de Confins, em Minas; Salvador, na Bahia; e Brasília, no Distrito Federal. De acordo com o balanço da Infraero, Confins registrava 35% de voos atrasados; Salvador, 51%; e Brasília, 50%.
GREVE
A ameaça de greve dos funcionários começou após impasse nas negociações do reajuste salarial. No início da negociação, as empresas queriam apenas repor a inflação --calculada em 6% pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)-- e oferecer ganhos reais somente a partir de abril. Os aeroviários (trabalhadores em terra) pediram reajuste de salários de 13% e um percentual ainda maior, de 30%, para os que recebem o piso. Os aeronautas aeronautas (pilotos e comissários) queriam aumento de 15%.
Após reunião hoje, o sindicato patronal apresentou proposta de reajuste de 8% e desistiu, por enquanto, de mudar o dissídio (negociação de reajuste salarial) de dezembro para abril. A greve foi suspensa pelos funcionários, mas um acordo ainda não foi fechado.
Comentários