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Agronegócios
Quinta - 23 de Dezembro de 2010 às 07:38
Por: Marcondes Maciel

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Se antes eram apenas sintomas, agora são casos praticamente confirmados da anomalia que vem causando pânico entre os produtores de Mato Grosso: a soja louca II. Ontem, o gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, confirmou ao Diário que todos os sintomas apontam a existência da doença em lavouras mato-grossenses, localizadas nos municípios de Sorriso (maior produtor de soja do mundo), Cláudia e Vera. “A soja louca II está se confirmando em nosso Estado”, afirmou Nery, lembrando que o estudo das amostras, realizado pela Embrapa-Soja de Goiânia, está em sua fase final e “as análises estão quase 100% concluídas”.

Segundo ele, a anomalia está evoluindo na região do Médio Norte, deixando os produtores mais apreensivos com a ameaça da propagação da doença nas lavouras. “Por enquanto foram apenas focos localizados da soja louca, em três propriedades rurais”, informou Nery.

As amostras das peças com a suspeita da doença foram colhidas por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), coordenada pelo fitopatologista Mauricio Meyer, e estão em fase de conclusão em um laboratório de Goiânia. Um grupo de trabalho, formado pela Aprosoja/MT, Embrapa, fundações de pesquisa, consultores e universidades, foi criado para fazer o acompanhamento, coleta das amostras e análise do material. O resultado da análise das amostras colhidas até agora deverá ser divulgado na primeira quinzena de janeiro.

De acordo com Nery Ribas, a incidência da soja louca II tem sido registrada de forma intensa nas regiões mais quentes, geralmente no Centro-Oeste e Norte do país, como Mato Grosso, Pará e Tocantins. Todos os esforços se concentram para que essa anomalia não se propague.

PESQUISA - A soja louca – considerada uma anomalia voraz, agressiva e perigosa - é de pouco conhecimento da pesquisa. Tanto que até agora ainda não se chegou a uma conclusão sobre a doença e suas causas, nem sua forma de tratamento. A anomalia tem sido registrada em lavouras mato-grossenses, ocasionando perdas de produtividade e prejuízos aos produtores. A doença provoca irregularidades no amadurecimento dos grãos, o que deixa muitos pés ainda verdes na época da colheita. Segundo o especialista da Embrapa Soja, Maurício Meyer, a soja louca provoca o abortamento de vagens e flores, fazendo com que a planta fique vegetando o tempo todo e não madure. “As folhas verdes se multiplicam e os grãos não amadurecem”.

Na avaliação dos especialistas, para que essa anomalia não se propague, é preciso que as plantas afetadas sejam eliminadas, seja por meio de uma dissecação química ou mecânica, e as doses de dissecantes devem ser elevadas, pois doses normais não são suficientes para matar essas plantas.

Para o agrônomo Clóvis Villacorte, a precaução precisa ser severa, o agricultor tem de levar em conta vários fatores, iniciando pela aquisição da semente que precisa ser de boa qualidade.

Os sintomas da soja louca foram detectados pela primeira vez, em Mato Grosso em 2009, em lavouras localizadas, porém de forma agressiva. Este ano os focos aumentaram e os pesquisadores temem que a anomalia se alastre. “A nossa orientação é para que a equipe técnica esteja presente e fazendo o monitoramento diário das lavouras”, diz Nery.






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