Óculos sem filtro solar, lentes que quebram e insufilm irregular podem provocar acidentes.
Verão aumenta riscos no trânsito
Que a claridade do sol levanta o ânimo todo mundo sabe, mas nas viagens de férias pode se transformar em um verdadeiro desastre se os motoristas não tomarem alguns cuidados. A pesquisa Saúde 2009 que acaba de ser divulgada pelo Ministério da Saúde aponta que em 2008 os acidentes de trânsito responderam por 26,9% das mortes violentas entre homens e 30% das ocorrências entre mulheres.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) dirigir contra o sol, sem proteger os olhos, é uma importante causa de acidentes porque diminui a visibilidade. A claridade do verão acentua o problema que é mais intenso em quem tem fotofobia, aversão à luz. Em algumas pessoas a alteração não indica doenças. Em outras, pode estar relacionada ao astigmatismo, irregularidade da superfície da córnea que torna as imagens desfocadas, inflamações nas porções posteriores dos olhos ou a medicamentos que aumentam a sensibilidade à luz. Independente da causa, ressalta, o único remédio é usar óculos escuros ou optar por lentes fotossensíveis que filtram a radiação, escurecem e clareiam conforme a luminosidade.
Dicas para escolher os óculos
O especialista diz que óculos sem filtro solar são mais prejudiciais que a falta deles. Isso porque, dilatam a pupila e fazem entrar mais radiação nos olhos. Isso aumenta o risco de catarata, maior causa de cegueira tratável, e lesões na retina que ainda não têm tratamento eficaz.
A segunda dica do médico é optar por lentes resistentes a impactos. Um estudo conduzido na Espanha, comenta, mostra que o disparo do airbag eleva o risco de perfuração ocular entre pessoas que trafegam sem óculos e dobram o perigo entre as que usam lentes de cristal. “Para proteger os olhos no trânsito a melhor opção são as lentes inquebráveis de policarbonato” afirma.
A terceira dica é adequar a condição da saúde ocular à cor da lente conforme as características:
· Cinza – A mais adequada para quem tem astigmatismo porque reduz o brilho e não distorce as cores.
· Âmbar ou marrom – Melhora o conforto de míopes e hipermétropes por aumentar a visão de contraste, além de filtrar a luz azul que também está relacionada ao desenvolvimento da catarata.
· Verde – Ideal para maiores de 60 anos por oferecer a melhor visão de contraste que diminui com a idade. Também filtra um pouco da luz azul.
· Amarela – Reduz o ofuscamento do motorista no lusco-fusco do entardecer e filtra a luz azul, mas diminui a visão de contraste em horários de muita luminosidade.
· Fotossensível – Para quem precisa usar lente corretiva, protege da radiação durante o dia e pode ser usada à noite.
Insufilm irregular diminui senso de velocidade
O excesso de velocidade é a maior causa de acidentes de trânsito e a infração que mais gera multas segundo a Polícia Militar Rodoviária. Queiroz Neto explica um dos motivos para tanta “pressa” é a aplicação de insufilm acima do permitido pela legislação. Isso porque, quanto mais baixa a visibilidade menor é o senso de velocidade. Como se não bastasse, metade dos motoristas precisa usar lentes corretivas. Por isso, em condições normais de visibilidade enxergam menos e a leitura é mais lente. Só para se ter uma idéia, o médico diz que a uma velocidade de 90 km/hora uma pessoa com 100% de visão tem 3,2 minutos para ler uma placa de sinalização contra 1,6 minutos para quem tem 50% de visão que é o mínimo permitido pela legislação. A boa notícia é que a Polícia Rodoviária Federal já começa a se equipar para aferir a transparência do insufilm – 75% no vidro dianteiro, 70% nos laterais dianteiros, e 28% nos demais. A fiscalização vai multar em R$ 127,69 os veículos com película mais escura que o permitido e apreender até a troca do insufilm. Na opinião do especialista a iniciativa pode reduzir os acidentes.
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