Diante de relatório que previa perigo, sindicalistas querem reparação de danos
Sindicato dos agentes vai mover ação contra Estado
O Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário de Mato Grosso (Sindispris) vai ingressar na Justiça com uma ação de reparação de danos contra o Estado em prol do agente prisional Adão Ramos da Silva, 50 anos, que teve a mão direita dilacerada devido à explosão de uma granada que também atingiu outros dois agentes e provocou ferimentos leves. Eles participavam do Curso de Operações Penitenciárias Especializadas (Cope). Segundo Adão, a granada que explodiu era fabricada pela Índios Pirotecnia LTDA, empresa radicada em São Paulo.
Relatório de Segurança elaborado pela própria PM condenou o uso dos artefatos produzidos pela empresa em junho deste ano, já que durante os testes se comprovou que as granadas apresentavam altíssimo risco à vida dos militares.
No entendimento do advogado do Sindispris, Carlos Frederick Almeida, o Estado praticou um ato imprudente ao submeter os agentes prisionais a um treinamento com granada imprópria. “O Estado assumiu um risco de produzir um dano ainda mais perigoso. A responsabilidade do Estado é objetiva. A falta de competência foi muito grande”, enfatiza Almeida.
Exames médicos e de corpo e delito, depoimentos de testemunhas e o relatório de segurança confeccionado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), obtido com exclusividade pelo Diário, servirão de base para a ação que será interposta na Justiça após o término do recesso forense.
Para o presidente do Sindispris, João Batista Pereira de Souza, o objetivo da ação é responsabilizar os culpados pelo acidente. “Queremos que seja apurado toda a situação. Se houve imprudência ou não do CFAP – Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças. Esse artefato não poderia ter sido utilizado”, comenta Souza.
TREINAMENTO – Em depoimento prestado à Polícia Civil, o agente Adão Ramos da Silva disse que a explosão ocorreu quando iria efetuar o quarto lançamento de granada. Na linha de tiro, além dele, estavam posicionados outros 14 agentes. Adão ainda disse que percebeu algo estranho no artefato, levantou a mão esquerda para comunicar ao instrutor o problema, mas não houve tempo e a granada explodiu. Um outro agente, sem se identificar, confirmou à reportagem que Adão fazia lançamento com granadas da Índios. Três granadas lançadas por outros agentes não explodiram.
Os agentes responsáveis pela guarda nas muralhas dos presídios, escoltas policiais e pela contenção de rebeliões no Estado terão que trabalhar armados. Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), os agentes substituirão gradativamente os policiais nessas atividades e, para isso, terão que passar por capacitação com armas.
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