Brasileiros estão morrendo mais de diabetes e câncer
Os brasileiros estão morrendo cada vez menos de doenças respiratórias e cardiovasculares e cada vez mais de câncer e diabetes, diz estudo divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
Ambos os movimentos estão ligados a mudanças no estilo de vida. Por um lado, diz o ministério, a redução do tabagismo ajudou a diminuir problemas de coração e pulmão. O número de fumantes caiu de 35% da população para 16,2% entre 1989 e 2009.
Por outro, estresse, sedentarismo e maior consumo de açúcar e gordura em alimentos industrializados elevaram o número de pessoas com diabetes tipo 2 e alguns cânceres, como o de mama.
A mortalidade por doenças cardiovasculares caiu 26%, embora ainda sejam responsáveis por quase um terço dos óbitos no país.
Já a mortalidade por diabetes cresceu 10% de 1996 a 2007 e, por câncer, 4%.
Após a divulgação dos dados, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) anunciou que sua pasta deve entregar um plano de combate à obesidade à presidente eleita, Dilma Rousseff, que estuda opções para substituir o titular do ministério.
O plano deve prever ações educativas e mudanças nas regulamentações sobre alimentos, em eventual acordo com a indústria.
Especialistas apontam, no entanto, que o problema não está só nos hábitos de vida.
Para Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, em muitos locais do Brasil não são distribuídos os melhores remédios para tratar a doença.
Ele também destaca que o diabetes, em geral, não causa dor, o que retarda o diagnóstico, e que os pacientes resistem em seguir o plano alimentar e de exercícios estabelecido pelo médico.
Em relação ao câncer, Anderson Silvestrini, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, diz que a mortalidade cresceu porque o número de diagnósticos tardios foi proporcional ao aumento dos casos. Para ele, contribuem para a demora na detecção do câncer o medo do paciente e a dificuldade de acesso a exames.
NASCIMENTOS
O estudo mostrou redução no número de grávidas adolescentes, embora o fenômeno ainda tenha força.
A quantidade de partos de meninas entre 10 e 19 anos caiu 20% mas, em 2008 (ano com dados mais recentes), ainda correspondia a um quinto dos nascimentos.
A pesquisa mostrou ainda que, apesar das campanhas, o número de cesarianas cresceu, passando de 38% dos partos, em 2000, para 47% em 2007. Os bebês nascidos dessa forma têm mais baixo peso do que os nascidos por parto natural. Para Temporão, esses dados são indício de que as cesáreas estão sendo feitas antes da hora.
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