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Internacional
Sexta - 10 de Dezembro de 2010 às 09:57

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Reuters
Mulher identificada como Sakineh Mohammadi Ashtiani posa para foto no jardim de sua casa em Oskou, 570 km de Teerã
Mulher identificada como Sakineh Mohammadi Ashtiani posa para foto no jardim de sua casa em Oskou, 570 km de Teerã

A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte pelo crime de adultério ainda não foi libertada, ao contrário do que havia sido divulgado ontem por uma ONG, informou nesta sexta-feira a emissora de televisão iraniana Press TV em seu site na internet. A Justiça iraniana também condenou a ré pelo suposto envolvimento na morte do marido.

Na quinta-feira (09), a ONG Comitê contra a Lapidação, com sede na Alemanha, haviam confirmado a libertação de Sakineh após a difusão por veículos de comunicação do mundo inteiro de fotos feitas pela própria Press TV que mostravam Sakineh em sua casa em Oskou, 570 km de Teerã, nos dias 4 e 5 de dezembro.

Em seu site, a emissora Press TV rebateu as afirmações de que a iraniana teria sido libertada.

"Diferentemente do que foi divulgado pelos meios de comunicação ocidentais, segundo os quais a senhora Mohammadi Ashtiani, assassina confessa, foi libertada, essas fotos foram tiradas quando uma equipe de produção da Press TV acompanhava a senhora Ashtiani em sua casa, com a aprovação da Justiça, para a execução de uma reconstituição do crime", explicou o canal.

Ainda segundo a ONG, o filho de Sakineh, Sajad Ghaderzadeh, e seu advogado, Javid Houtan Kiane, detidos no começo de outubro junto a dois jornalistas alemães que os entrevistavam, também haviam sido soltos.

Inicialmente a emissora havia dito que as imagens divulgadas tinham sido tiradas antes de uma entrevista que fará parte de um programa. O governo iraniano, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento.

Sakineh foi inicialmente condenada à pena de morte por apedrejamento. A sentença foi suspensa neste ano após várias críticas de grupos de direitos humanos terem levado a forte pressão internacional sobre o Irã.

Segundo a lei islâmica, em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, roubo a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são todos punidos com a morte. Ainda este mês, os EUA condenou os planos anunciados de executar Sakineh. O Reino Unido alertou o Irã contra ir em frente com a punição, e a França pediu ao país para perdoá-la.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh em julho, levando a uma constrangedora recusa pública da oferta pelo Irã, que disse que Lula é "uma pessoa humana e sensível", mas não tinha conhecimento de todos os fatos.

CASO

Em 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada duas vezes à pena de morte por dois tribunais diferentes de Tabriz (noroeste do país) em dois processos distintos, acusada de participação no homicídio do marido e de ter cometido adultério, em particular com o suposto assassino do marido.

O grupo de direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse que Sakineh foi considerada culpada de "adultério quando estava casada", o que teria negado, e foi sentenciada à morte por apedrejamento.

A Anistia listou o Irã como o segundo país do mundo com mais execuções em 2008, depois da China, e disse que Teerã matou ao menos 346 pessoas em 2008. As autoridades iranianas rejeitam as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que apenas seguem a lei islâmica.

Um ano depois, a pena de morte por enforcamento pela participação no homicídio do marido foi comutada por dez anos de prisão por uma corte de apelações, mas a execução por apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelações no mesmo ano. Todas as informações foram divulgadas por autoridades iranianas e advogados ligados ao caso. Os papéis do caso não foram divulgados à imprensa.

Em julho deste ano, sob forte pressão internacional, Teerã anunciou que a condenação à pena capital havia sido suspensa e que o caso estava sendo reexaminado Desde então, o caso volta à imprensa ocasionalmente com declarações de oficiais iranianos.






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