Numa região conhecida de VG pela prostituição, casas de shows e boates estão na mira
Zero Km é ponto de tráfico de mulheres
Casas de shows e boates localizadas na região do Km Zero, em Várzea Grande, estão trazendo mulheres do interior e até de outros estados para trabalhar como dançarinas e profissionais do sexo. A constatação foi feita durante uma fiscalização pela Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público do Trabalho e configura tráfico de mulheres.
Em uma das casas vistoriadas, foram encontradas 19 mulheres, com idade mínima de 19 anos, trabalhando em condições degradantes. Segundo um fiscal, todas tinham sido trazidas do interior e moravam no próprio estabelecimento. "É uma forma de aliciamento branco, em que elas sabem onde vão ficar e também sabem que aquela região é conhecida por ser ponto de prostituição, tanto fora quanto dentro dos estabelecimentos".
O proprietário alegou que as mesmas eram contratadas como dançarinas, mas foram constatados indícios de que elas também se prostituíam. "Cada uma tinha que pagar um valor fixo para o estabelecimento quando saísse da casa para fazer um programa, como se fosse uma comissão para a casa".
Já o pagamento para elas era feito com fichas do próprio estabelecimento e não com dinheiro. "Elas recebiam comissão pela venda de bebidas, mas esta comissão era paga com fichas da própria casa, valendo cigarros, bebidas, e até alimentos superfaturados. Elas não tinham opção de comprar a comida em outro local e esta forma de pagamento é considerada ilegal".
O horário de trabalho também foi considerado exaustivo. As dançarinas trabalhavam todos os dias da semana, das 19 horas às 7 horas da manhã. "A relação de trabalho com o estabelecimento foi confirmada porque elas tinham horário e também quantidade de shows a cumprir".
Os alojamentos em que elas ficavam foram interditados por serem considerados degradantes. "Não tinham banheiros adequados, armários, e a estrutura não oferecia nenhuma segurança à saúde dessas mulheres".
A existência desta modalidade de exploração de trabalho ainda era desconhecida pela Superintendência Regional do Trabalho. Segundo o superintendente Valdiney Arruda, inicialmente, a fiscalização tinha como objetivo apurar denúncias de que adolescentes estavam trabalhando nestes locais, porém, nenhuma menor foi encontrada.
A partir de agora, conforme ele, os estabelecimentos localizados na região do Zero Km passarão a ser alvos de fiscalizações periódicas. Outra meta é descobrir os aliciadores.
Punição - O responsável pela casa noturna foi obrigado a pagar todos os direitos trabalhistas das dançarinas e também de outros 5 funcionários que, assim como elas, eram submetidos à jornada de trabalho exaustiva. As mulheres foram orientadas a deixarem o local.
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