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Polícia Brasil
Quarta - 08 de Dezembro de 2010 às 07:07

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A condenação na Justiça do Rio do goleiro Bruno era esperada pela família de Eliza Samudio. Luiz Carlos Samudio, pai da jovem, porém, afirmou que a decisão da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá saiu tarde demais. "O desaparecimento e a morte da minha filha são resultado do descaso da Justiça do Rio. Era uma morte anunciada, e Bruno cumpriu, letra por letra, as ameaças que fez à Eliza, quando a sequestrou, a agrediu e a forçou a tomar medicamentos", afirmou.

A condenação foi noticiada com exclusividade pela coluna Justiça e Cidadania, da jornalista Adriana Cruz, na edição de terça-feira (7) de O Dia. O juiz Marco José Mattos Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, foi duro na sentença que condenou Bruno Souza a quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samudio, ex-amante dele, em outubro de 2009. Na avaliação do magistrado, o goleiro tem personalidade que se revelou criminosa.

Melhor amigo de Bruno, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que estava com o atleta no dia que ele levou Eliza até seu apartamento, no ano passado, também foi condenado por cárcere privado e pegou três anos de cadeia. Na sentença, o juiz afirma que "Bruno praticou os crimes para se ver livre do status de pai que não desejava desempenhar e teve uma personalidade que se revelou crimosa" - Eliza tentava provar na Justiça que o filho que esperava era do jogador. Para ele, Bruno deu dois tapas no rosto da jovem, de 25 anos, e a ameaçou com uma pistola.

"Se o réu optou por uma aventura amorosa inconsequente, cabia-lhe arcar com a responsabilidade que dela decorreram. A sua covardia impõe resposta penal adequada", definiu. Marco Couto afirma que "Macarrão participou do sequestro para garantir a suposta amizade e continuar usufruindo dos benefícios que a fama e o dinheiro concediam a Bruno e seus amigos".

A O Dia, o juiz disse que as investigações continuam, a pedido do Ministério Público, para tentar identificar os outros dois homens que participaram do sequestro de Eliza em 2009, identificados apenas como Russo e Negão. A defesa deles alega inocência e promete recorrer da decisão.

O magistrado entendeu que Macarrão não praticou as agressões e não forçou Eliza a ingerir os medicamentos que seriam abortivos. Na sentença, o juiz também fez um alerta sobre mulheres que procuram envolvimento com jogadores de futebol.

"Neste ponto, não se define bem quem é vítima de quem: se os jogadores de futebol, embriagados pelo dinheiro e pela fama, são vítimas de mulheres que os procuram com toda a sorte de interesses; ou, se são as mulheres, que procuram os jogadores, embriagados pelo dinheiro e pela fama, são as vítimas. Nessa relação, ninguém é muito inocente. Todos têm culpa. Um quer enganar o outro. Não há nada de sincero em tais relações. Apenas interesses que, às vezes contrariados, geram processos criminais como este".

Processos desvinculados
O magistrado Marco José Mattos Couto explicou ainda que, em sua denúncia, tentou desvincular o processo do Rio do que apura o desaparecimento e morte de Eliza Samudio pela Justiça de Minas Gerais. "A sentença foi baseada na análise das provas. Tentei desvincular o processo de lá, até porque não conheço os autos. Da mesma forma deve acontecer com os jurados, para que não julguem contaminados com essa decisão", explicou.

"Esta é uma demonstração e um alerta para aqueles que, em razão de posição social, riqueza ou influência política, se acham acima da lei e que, por conta disso, estarão sempre impunes. A condenação de um ex-ídolo nacional faz com que mostre uma faceta da Justiça que de há muito se encontra escondida por maus exemplos", afirmou o promotor do caso, Eduardo Paes.

Flamengo
A condenação não será suficiente para que o Flamengo rescinda o contrato de forma unilateral. De acordo com o vice-presidente jurídico rubro-negro, Rafael de Piro, o clube só tomará qualquer medida após um veredicto definitivo, já que ainda cabe apelação à decisão.

O Conselho Fiscal do clube prepara um estudo de quanto o clube deve a Bruno para sugerir à presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, que proponha um distrato amigável ao jogador. Segundo o presidente do conselho, Leonardo Ribeiro, a intenção é evitar uma ação indenizatória do jogador contra o clube, como queria o seu antigo advogado, Ércio Quaresma. A alegação de Quaresma era que havia um pré-julgamento por parte do Rubro-Negro que estaria atrapalhando a defesa do atleta.

Em Minas, decisão sai na sexta
Bruno e Macarrão também são réus no processo que apura a morte de Eliza Samudio, em Minas Gerais. Até sexta-feira, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues anuncia se os nove acusados vão a júri popular. Os réus respondem por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, responde somente por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Na sentença de pronúncia, a magistrada também pode desqualificar os crimes para algum dos réus, passando de doloso (quando há intenção) para culposo. Neste caso, o réu seria julgado por uma Vara Criminal comum. A defesa ainda poderá recorrer da decisão.






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