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Saúde
Segunda - 06 de Dezembro de 2010 às 11:59

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Os três milhões de brasileiros com hepatite C terão mais chance de cura a partir do próximo ano.

A chegada de duas drogas antivirais ao mercado promete dobrar a capacidade de eliminar o vírus e diminuir pela metade o tempo de uso dos remédios.

Os dois medicamentos já passaram por pesquisas em fase três -com pacientes de diversos países, incluindo o Brasil- e estão na etapa final de aprovação nos Estados Unidos e na Europa.

O efeito desses antivirais foi discutido num simpósio latino-americano que terminou ontem, em São Paulo.

"A previsão é que o uso seja liberado no exterior no primeiro semestre de 2011. Esperamos que chegue no Brasil ainda no fim do próximo ano ou no começo de 2012", diz o infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e responsável pela organização do simpósio.

A hepatite C é causada pelo vírus VHC, transmitido pelo contato com sangue contaminado. Estima-se que tenham a doença 200 milhões de pessoas no mundo.

O vírus causa uma infecção no fígado que, em 85% dos casos, torna-se crônica. A doença não tem sintomas. Um quarto dos pacientes crônicos desenvolve cirrose hepática e pode acabar tendo câncer de fígado.

A única forma de tratamento até agora envolve o uso de duas substâncias: o interferon e a ribavirina. São remédios que melhoram a resposta imunológica do paciente, ajudando o corpo a combater o micro-organismo.

Já as novas drogas, o telaprevir e o boceprevir, impedem a replicação do vírus.

"É o início de uma nova forma de tratamento da hepatite C. Há uma grande expectativa entre especialistas", afirma Edna Strauss, hepatologista do Hospital das Clínicas da USP.

Mais da metade das pessoas que procuram o tratamento disponível hoje não conseguem eliminar a doença: ou os remédios não fazem efeito ou a infecção volta depois de algum tempo.

"É para esse grupo que volta a ter a doença depois de parar de tomar o interferon e a ribavirina que os antivirais vão fazer mais efeito. A possibilidade de cura é de até 90%", diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Mas os medicamentos antigos não serão aposentados. Durante as pesquisas, quando os antivirais foram usados isoladamente, eles fizeram com que o vírus criasse resistência em pouco tempo.

"Existem outros antivirais em fase de testes. Daqui um tempo eles poderão ser usados em conjunto, como um coquetel. Esperamos isso para 2015."
 
EFEITO COLATERAL

Segundo Paraná, 10% dos pacientes que tomam os medicamentos atuais para tratar a doença não conseguem aguentar os efeitos colaterais por um ano, tempo total do tratamento.

"A ribavirina causa muito efeito adverso. Até 15% das pessoas têm sintomas de depressão. Outras têm fadiga, insônia e irritabilidade."

Os antivirais não vão diminuir esses efeitos. A única vantagem é que será preciso tomar a medicação por menos tempo. "Devemos ter campanhas educativas sobre os efeitos colaterais, para que o paciente não desista de se tratar."

DIAGNÓSTICO

A ausência de sintomas dificulta o diagnóstico da doença. "Tratamos menos de 2% dos portadores. A maioria só vai saber que tem quando já está com um quadro avançado de cirrose", diz Araújo.

Qualquer pessoa que recebeu transfusão de sangue antes de 1994 precisa fazer o exame.

Também são considerados grupos de risco quem usa ou já usou drogas injetáveis, fez tatuagens ou outros procedimentos estéticos com materiais não esterilizados, familiares de portadores do vírus, profissionais de saúde e pessoas com mais de 55 anos. 






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