De causa desconhecida, problema foi detectado na região norte
Doença é detectada em três municípios de MT
Doença de causa ainda desconhecida, a “Soja Louca 2” foi detectada em três municípios da região norte de Mato Grosso. Sinop, Vera e Cláudia tiveram sintomas da doença manifestados em plantações de soja. As amostras foram colhidas por pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e encaminhadas para análise, em Goiânia.
“Estamos monitorando as lavouras e atentos a quaisquer sinais que indiquem a ocorrência da doença”, afirma o agrônomo Nery Ribas, gerente técnico da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado). Ele conta que este ano os pesquisadores não imaginavam que a doença fosse aparecer tão cedo, devido ao período longo de estiagem. “Para nós está sendo uma surpresa”.
O diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Fávaro, diz que os produtores estão alarmados com o aparecimento da doença, uma vez que é de pouco conhecimento da pesquisa. “A soja louca é uma anomalia voraz, agressiva e perigosa. A nossa preocupação é que ainda há divergências entre os pesquisadores, que ainda não chegaram a uma conclusão sobre os estudos”.
Segundo Fávaro, os sintomas da soja louca foram detectados pela primeira vez em Mato Grosso no ano passado, mas as perdas foram poucas. “A doença apareceu de forma agressiva, mas pontual, por isso não tivemos grandes perdas. O que nos preocupa é se a propagação for grande e infestar mais lavouras”.
Ele explica que a doença é "manifestada por meio de um interminável ciclo vegetativo", significando que a maturação das plantas infectadas é retardada. “Normalmente, elas produzem vagens com menos grãos e deformados. As folhas verdes se multiplicam e os grãos não amadurecem”.
Enquanto não se chega a uma conclusão sobre a anomalia, os cientistas acreditam que a doença da soja louca 2 está possivelmente ligada aos ácaros que se proliferam em sistemas de plantio direto. Mas isso também ainda não foi comprovado e não há nenhum tratamento eficaz conhecido.
A Soja Louca 2, anomalia que atinge a soja com mais força no Centro-Oeste, permite o avanço da ferrugem e causa mais prejuízos aos produtores. Trata-se de uma anomalia que deixa a planta verde o tempo todo, impedindo sua maturação, favorecendo a manifestação da ferrugem, muito comum na oleagionosa. Esse problema tem gerado quedas de pelo menos 2% de produtividade.
Segundo a explicação do fitopatologista da Embrapa Soja, Maurício Meyer, “esse problema novo de soja louca, que é um abortamento de vagens e flores, faz com que ela fique vegetando o tempo todo e não madure. E tem ocorrido de forma mais intensa nas regiões mais quentes, geralmente no Centro-Oeste e Norte, como Mato Grosso, Pará e Tocantins”.
Para que essa anomalia não se propague, é preciso que as plantas afetadas sejam eliminadas, seja por meio de uma dissecação química ou mecânica, e as doses de dissecantes devem ser elevadas, pois doses normais não são suficientes para matar essas plantas.
A soja louca provoca irregularidades no amadurecimento dos grãos, o que deixa muitos pés ainda verdes na época da colheita.
Nas plantações afetadas, agrônomos colhem e testam amostras. Em Mato Grosso, os estudos estão sendo realizados por um grupo de trabalho formado pela Embrapa, Fundação MT e Fundação Rio Verde.
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