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Terça - 30 de Novembro de 2010 às 09:00
Por: Renê Dióz

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Rafael Mazutti/DC
Mãe falou ao telefone com reportagem, mas não escondeu apreensão
Mãe falou ao telefone com reportagem, mas não escondeu apreensão

Foram separadas ontem, em São Paulo, as gêmeas siamesas mato-grossenses Keroly e Kauany, que nasceram unidas pela bacia em janeiro deste ano, no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM). Elas são a segunda dupla de irmãs xipófagas de nascimento registrado no Estado e foram operadas pela equipe do Instituto da Criança (IC), ligado Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

O procedimento delicado começou às 8h de São Paulo e se encerrou em horários diferentes. Kauany saiu da sala de cirurgia às 15h e Keroly, somente às 18h. Embora os médicos tenham considerado a intervenção um sucesso, as duas meninas apresentaram febre e pressão alta depois, situação que a equipe médica pretende controlar até hoje. Elas também estão respirando por meio de ventilação mecânica.

Embora a perspectiva seja de recuperação do pós-operatório, a mãe das gêmeas, Selma Gonçalves Maurício Miranda, 31 anos, não esconde a apreensão. Nervosa, ela falou da operação por telefone com a reportagem, mas preferiu não se delongar. Mas a irmã de Selma, Dina Maria Gonçalves, informou que outros procedimentos cirúrgicos ainda deverão ser feitos após a separação das gêmeas, como nas genitálias, “mas o pior já passou”.

A família de Keroly e Kauany é da cidadezinha de Vale do São Domingos (a 491 quilômetros de Cuiabá, com 3.058 habitantes, segundo o último Censo). Ainda grávida, a mãe Selma saiu de lá e se internou no HUJM em janeiro devido à complexidade de seu caso. O parto foi feito na maternidade do HUJM e as meninas nasceram sadias.

Com dificuldades financeiras, a família recebeu doações para ajudar no tratamento das meninas. Logo apareceu a oportunidade de, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), levar as meninas para serem acompanhadas pelo IC, que já cuidou de diversos outros casos de gêmeos siameses no Brasil. O chefe de Cirurgia Pediátrica da instituição, Uenis Tannuri, já participou de 15 procedimentos de separação de gêmeos que nascem interligados por alguma parte do corpo, por exemplo.

Antes da cirurgia, entretanto, surgiram outras dificuldades. Primeiro era necessário esperar as menina ganharem peso para poderem passar por exames que identificariam quais órgãos elas compartilhavam. Uma pequena cirurgia também foi feita para permitir a alimentação via oral das duas, que só estavam se alimentando via venosa. É que as meninas possuem cada qual seu intestino, mas eles eram interligados e um deles não possuía saída para o bolo fecal. Daí o risco das crianças ingerirem alimentos sólidos. A pequena cirurgia consistiu na abertura do canal de uma delas.

Meses depois, os médicos do IC chegaram à conclusão de que o risco de saúde das gêmeas seria maior caso elas continuassem unidas, compartilhando órgãos. Segundo os médicos, a separação neste caso também seria facilitada porque foi constatado que as meninas não compartilham o fígado. Agora, elas devem ficar em observação no IC.






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