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Polícia Brasil
Segunda - 29 de Novembro de 2010 às 08:30
Por: Renata Galdino/Rosildo Mendes

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Otávio Fernandes, 19 anos, teve a cabeça esmagada e chegou morto ao hospital
Otávio Fernandes, 19 anos, teve a cabeça esmagada e chegou morto ao hospital

A gravação de uma das câmeras do shopping Pátio Savassi, na região centro-sul de Belo Horizonte, será fundamental para que a polícia identifique os suspeitos de agredir e matar o repositor Otávio Fernandes, 19 anos, membro da torcida organizada Máfia Azul, na noite deste sábado (27), durante uma briga com integrantes da Galoucura.

Dois torcedores, Rodrigo Marques Oliveira, 39 anos, e Flávio Celso da Silva, 35, que se feriram no confronto, foram levados ao Hospital de Pronto-socorro (HPS) João XXIII, onde permanecem internados, mas sem risco de morte.

Otávio foi agredido com barras de ferro e teve o crânio esmagado, com perda de massa encefálica. Ele será sepultado nesta segunda-feira (29), em Montes Claros, no norte do Estado. Familiares pretendem acionar o Estado na Justiça.

As versões da polícia e de torcedores sobre o início da briga, ocorrida a 100 metros do Chevrolet Hall, onde estava sendo realizado o 3º MMA Brasil Fight – evento de luta livre –, são divergentes. De acordo com o tenente Wanderlino Patrício Santos, coordenador de policiamento do 22º Batalhão, a Máfia Azul e a Galoucura estavam patrocinando dois lutadores.

– Suspeitamos de que assim que a luta do representante da Galoucura terminou, um torcedor desceu e encontrou com os dez da Máfia Azul subindo a pé pela Nossa Senhora do Carmo, em direção ao evento. Esse torcedor, por telefone, teria avisado os companheiros, que desceram, em um grupo de 50, para encontrar os rivais quase na esquina da avenida do Contorno.

Foi o tenente quem assistiu às imagens gravadas pelo circuito do shopping.

– Vai dar para identificar os envolvidos.

William Palumbo, o “Ferrugem”, um dos diretores da Galoucura, afirma que os companheiros foram cercados pelos cruzeirenses na saída do Chevrolet Hall.

– Estavam armados com cavaletes, pedaços de pau. Armaram uma tocaia para a gente.

O tenente Wanderlino discorda.

– Acreditamos ter sido uma coincidência. Eles se encontraram e a confusão começou. Como um grupo de dez iria encarar 50?

Paulo Augusto da Cunha, o “Popeye”, um dos dirigentes da Máfia Azul, garante que os atleticanos é que começaram a confusão.

– Eles cercaram os membros da nossa torcida, armados com cavaletes, e começaram a bater.

Popeye desmentiu a informação de que os torcedores do Cruzeiro estavam em ônibus passando pelo local a caminho de Volta Redonda (RJ), para assistir à partida entre o time mineiro e o Flamengo, neste domingo (28), e que um dos veículos teria parado no local. Um grupo teria descido e começado a cantar hinos do clube, para provocar os rivais.

– Os ônibus somente saíram de BH por volta de meia-noite. A briga foi às 21h.

Integrantes da Máfia Azul garantem que cinco membros da torcida rival começaram a usar as barras de ferro, o que tornou o confronto mais violento.

Família
O pai de Otávio, o serralheiro José Camilo Gonçalves Fernandes, 42 anos, tem a mesma opinião que o irmão gêmeo da vítima, o estudante Gustavo Fernandes. Apesar de temerem represálias, querem que a justiça seja feita. O jovem ressalta que a prisão dos assassinos não devolveria a vida do irmão, mas, mesmo assim, espera que a polícia encontre logo os assassinos. A família mora no Bairro Solar, no Barreiro, onde, segundo uma fonte, há uma rixa história entre torcedores dos dois times.

O pai lembra que o filho era torcedor fanático do Cruzeiro e que acompanhava o time do coração em todos os jogos.

– Ele tinha no peito a tatuagem do símbolo da raposa. Deveriam acabar com as torcidas organizadas. Infelizmente, meu filho não é o primeiro e nem será o último a morrer em brigas de torcida. Não adianta prender os assassinos e nem culpar a polícia.

Para ele, enquanto houver torcida organizada, as agressões vão continuar. Já a mãe de Otávio, Mônica de Castro Fernandes, estava sob efeito de remédios e não conseguiu sair de casa.

Ainda com o olho roxo, uma testemunha afirmou que antes da briga havia muitos policiais no local, e nada fizeram para conter a fúria da torcida alvinegra. Revoltado, o rapaz afirmou que a polícia poderia ter evitado o confronto. O tenente Wanderlino refutou a denúncia.

– Quatro policiais em duas viaturas estavam na porta do Chevrolet Hall. A briga aconteceu bem abaixo. Quando chegamos, os agressores correram no sentido da Contorno.

O subcomandante do Batalhão de Eventos, major Mauro Alves, disse que não havia policiais da unidade no local antes da confusão.

Confrontos em Minas são mais violentos que em SP

Preocupante. Esta é a situação das torcidas organizadas mineiras na avaliação do promotor José Antônio Baeta, que cuida no Ministério Público de assuntos dessa área. Ele só deve se manifestar a respeito da morte de Otávio Fernandes depois de receber da PM o relatório sobre a confusão.

– Pelo menos dez pessoas já morreram nos últimos seis anos envolvidas em brigas de torcidas. Os índices aqui são mais violentos que em São Paulo.

O promotor destacou ainda que vai convocar os dirigentes da Máfia Azul e da Galoucura para esclarecer o que aconteceu no último sábado.

– Quero saber o que aconteceu antes, durante e depois. Certamente, eles sofrerão consequências previstas no Estatuto do Torcedor.
A informação de que William Palumbo, o “Ferrugem”, teria recebido uma ligação do tenente Lúcio, do Batalhão de Polícia de Eventos, informando que cruzeirenses estariam seguindo para o Chevrolet Hall não foi confirmada até o início da noite deste domingo (28). No entanto, o subcomandante do BPE, major Mauro Alves, informou que as torcidas não comunicaram à polícia a participação no evento de luta livre, e poderão ser punidas.






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