Justiça liberta 1º réu do caso do goleiro Bruno
A juíza Marixa Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem, libertou da prisão, após quatro meses e 18 dias preso, o motorista Flávio Caetano de Araújo, que também está indiciado pelo desaparecimento e suposta morte de Eliza Samudio, a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes Souza, que continua preso.
Araújo é o primeiro dos nove réus a deixar a prisão, por decisão da juíza. Há 19 dias, durante audiências de instrução do caso, a magistrada ouviu pela primeira vez o depoimento de Flávio.
Como todos os demais réus, ele mudou sua versão e disse que viu Eliza Samudio no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG), dois dias antes do suposto assassinato da ex-amante de Bruno.
Ao deixar o presídio, ele declarou que só queria chegar em casa para ver sua mulher, seu filho e sua mãe.
No depoimento, que durou cerca de quatro horas, Araújo chorou em parte do interrogatório, disse ser trabalhador e que prestava serviços de motorista para a mulher de Bruno, Dayanne Souza. Foi por trabalhar para ela que acabou indiciado no caso.
Foi ele quem levou o bebê de Eliza Samudio, no dia 25 de junho, para um amigo de Bruno, a pedido de Dayanne. Ele foi indiciado por sequestro, cárcere privado, homicídio, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores.
A libertação dele na madrugada deste sábado (27) de um presídio em Ribeirão das Neves (região metropolitana de BH) pegou de surpresa até o advogado de Araújo, Antônio da Costa Rolim.
Com o alvará de soltura nas mãos, o advogado disse apenas que na segunda-feira poderá ter acesso à decisão da juíza, que revogou a prisão preventiva do réu.
Na audiência em juízo, Marixa Rodrigues leu o depoimento que Araújo prestou à polícia, no qual dissera nunca ter visto Eliza. No tribunal, porém, ele trocou a versão. "Eu realmente disse que nunca tinha visto. Eles não me mostraram foto", afirmou.
Araújo disse à juíza que, com o passar do tempo, viu as fotos da ex-amante do goleiro na televisão e passou a reconhecê-la. Disse ter visto Eliza à beira da piscina do sítio do goleiro no dia 8 de junho, com seu filho em um bebê-conforto. Segundo Araújo, Bruno estava na casa.
Araújo disse não se lembrar de ter visto a mulher em outro dia. Para o Ministério Público, ela foi morta no dia 10. Ele disse que só esteve no sítio neste dia para buscar a namorada de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, secretário de Bruno, e levá-la ao hospital.
No depoimento, Araújo buscou se distanciar de Bruno. Disse que sua principal função era prestar serviços de transportes para Dayanne e que ficava pouco no sítio. "Não ficava me metendo, não".
PRESOS
Além de Bruno, Araújo, Dayanne, Macarrão e Coxinha estão denunciados e presos Sérgio Sales (primo), Elenilson Vitor da Silva (administrador do sítio), Fernanda Gomes Castro (namorada do goleiro) e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
Um adolescente primo de Bruno é o único até agora condenado com medida sócio-educativa pela Justiça.
A juíza deverá decidir nos próximos 15 dias se os réus vão a júri popular.
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