O Ministério Público Estadual ainda não se manifestou sobre os pedidos de prisão e tampouco sobre oferecimento de denúncia
Escândalo do Maquinário: Fazendária pediu prisão de 11 pessoas
A Delegacia Fazendária encaminhou ao Ministério Público Estadual pedido de prisão contra onze pessoas envolvidas no superfaturamento de R$ 44 milhões nos maquinários do programa “MT 100% Equipado”, todas indiciadas pelos crimes de fraude em licitação, corrupção passiva e formação de quadrilha. Entre os pedidos consta um de prisão preventiva contra o ex-secretário de Estado de Infraestrutura, Vilceu Marchetti, que, segundo as investigações, organizou o grupo que cometeu os crimes, montou a licitação, entrou em contato com os empresários que mais tarde venceram o certame e cobrou vantagem em dinheiro. A informação consta no inquérito sigiloso ao qual o Diário teve acesso.
O secretário, que se afastou do cargo após a confirmação do superfaturamento pela Auditoria Geral do Estado (AGE), é chamado no inquérito de “chefe do bando que surrupiou” dinheiro público nas licitações.
A promotora Ana Cristina Bardusco, da Promotoria de Defesa da Administração Pública e da Ordem Tributária, recebeu, na semana passada, o inquérito policial que confirmou a fraude no processo de licitação. Entretanto, ela ainda não se manifestou sobre os pedidos de prisão preventiva e temporária e tampouco sobre oferecimento de denúncia.
Pesa contra o ex-superintendente de Manutenção e Operação de Rodovias da Sinfra, Valter Antônio Sampaio, um pedido de prisão preventiva. Conforme relata a Delegacia Fazendária no inquérito, ele teria adulterado documentos para tentar justificar os preços dos equipamentos, além de tentar dificultar o trabalho de investigação da polícia.
A Delegacia Fazendária também expediu nove pedidos de prisão temporária contra empresários ou representantes das empresas que venderam os equipamentos ao Estado: Otávio Conselvan (Auto Sueco), Silvio Scalabrin (M.Diesel), Harry Klein (Torino), Rui Denardim (M. Diesel), Rodnei Vicente Macedo (Grupo Rodobens S/A), José Renato Nucci (Tork Sul), Valmir Dias Amorim (Dymak), Ricardo Lemos Fontes (Grupo Cotril) e Marcelo Fontes Correa Meyer (Tecnoeste).
A única pessoa entre os indiciados que não teve pedido de prisão expedido foi a ex-chefe de gabinete da Sinfra, Suzy Gonçalina Queiroz. “Não atuou nas compras diretamente, mas servia cegamente a Vilceu. Sua contribuição é secundária, mas não deixa de ter importância sobretudo na conduta de lavagem de dinheiro”, consta no documento.
O relatório final dos delegados Alana Cardoso, Rogério Atílio Modeli e Lusia Fátima Machado, que trabalham no caso, tem 110 laudas. Antes de encaminhar o documento ao Ministério Público, a Delegacia Fazendária ouviu 46 pessoas e juntou nos autos uma série de documentos que totalizam mais de cinco mil páginas.
Procurada pela reportagem, a promotora Ana Cristina Bardusco preferiu não se manifestar se encaminharia ao juiz José Arimatéia Neves da Costa, da Vara de Crimes Contra a Ordem Pública, pedidos de prisão contra os onze acusados.
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Waldir Teis, requisitou ontem cópia do inquérito à Delegacia Fazendária. O pedido foi deferido pelo juiz José Arimatéia. A assessoria de imprensa do TCE informou que o conselheiro requereu os documentos por ser relator das contas da Secretaria de Administração.
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