Os bandidos responsáveis pelos ataques incendiários a 20 veículos em 16 dias seriam dos complexos do Alemão e da Penha, segundo informações recebidas pelo Disque-Denúncia (2253-1177). O programa oferece recompensa de até R$ 10 mil por pistas que levem aos autores dos crimes. Desde o fim de semana, já foram feitas 16 denúncias, de acordo com Zeca Borges, coordenador do serviço. Somente ontem foram oito ligações sobre os atentados.
O coordenador anunciou a criação de uma força-tarefa para analisar as denúncias sobre os ataques e cruzar informações de suspeitos. Em três meses, o Disque-Denúncia recebeu 51 ligações relacionadas a ataques a motoristas.
"Insisto: todos que souberem de alguma coisa sobre esses atentados devem ligar. O anonimato é seguramente garantido, não vamos permitir essa ousadia dos bandidos", enfatizou Zeca.
Roubo de dinamite
Em meio à onda de terror que se espalhou após os ataques, policiais rodoviários federais, civis e militares tentam desde ontem localizar um veículo que estaria circulando pela cidade com cerca de 550 kg de dinamite. A carga seria fruto de roubos de duas pedreiras, uma em Porto Alegre (RS) e outra em Jundiaí (SP). A informação foi detectada no começo da tarde pelos setores de inteligência das polícias de São Paulo e repassada a agentes do Rio de Janeiro.
Parte da carga, 275 kg, foi levada de uma pedreira na Rodovia Anhanguera, em Jundiaí. Segundo o registro de ocorrência 1062/2010 do 6º DP do município, por volta da 0h40, homens armados com fuzis renderam dois vigias, que foram obrigados a levar o bando até um paiol. A outra parte do explosivo, 273,8 kg, foi roubada de uma pedreira na Grande Porto Alegre por cinco homens encapuzados armados de fuzis e metralhadoras.
No início da noite, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro divulgou nota informando ter consultado as polícias gaúcha e paulista e negando a existência do veículo com dinamite no estado. "Até o momento, todas as linhas de investigação rechaçam a ideia de que tais desvios tenham como destino o Rio de Janeiro", frisou a nota.
Bandidos riem de motorista desesperado
Demonstrando ousadia, bandidos atearam fogo em um Honda Civic que estava estacionado na Travessa Doutor Araújo, atrás do muro dos fundos da 18ª DP (Praça da Bandeira) e a poucos metros do posto de gasolina que abastece os carros da Polícia Civil.
De acordo com testemunhas, o fogo foi ateado por dois homens numa moto, com cobertura de bandidos num Golf preto. Enquanto o dono do veículo, o técnico em eletrônica Mário César Marchi, 47, tentava apagar as labaredas, a dupla teria acompanhado tudo a poucos metros, rindo do desespero do técnico.
Segundo Marchi, 47, o ataque aconteceu às 22h30. Ajudado, ele conseguiu debelar as chamas, mas o carro pode sofrer perda total. "Nós que moramos no chamado asfalto estamos desprotegidos, ao contrário das comunidades que agora têm UPPs", disse.
Depois da Praça da Bandeira, ação na Tijuca e no Estácio
Os responsáveis pelo ataque na Praça da Bandeira teriam ateado fogo também ao Renault Clio que ficou parcialmente queimado, na Rua Domício da Gama, Tijuca. A corretora D., 36, proprietária do carro, se preparava para dormir quando foi chamada por vizinhos. C., 22, contou que viu da janela quando os dois homens pararam a moto. "Quando o fogo pegou, um deles, de forma debochada, me viu e disse: "agora pode chamar o bombeiro", conta. Os criminosos fugiram com cobertura de Golf preto.
Já na Rua Zamenhof, no Estácio, outro Honda Civic também foi incendiado. Dois homens quebraram os vidros e jogaram coquetel molotov no interior do carro e gasolina no teto. O proprietário dormia com a família na hora do ataque. O carro havia sido comprado há dois meses.
Ordem para ataques no bairro teria partido de bando do Pavão-Pavãozinho
Dois homens foram presos e dois menores, apreendidos, em Copacabana, Zona Sul do Rio, ontem de madrugada, acusados de colocar artefatos explosivos embaixo de dois veículos. Segundo a polícia, os quatro são do Morro Pavão-Pavãozinho, no mesmo bairro, comunidade que há 11 meses ganhou uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Os acusados foram identificados como Renan Fortunato do Couto, de 19 anos, e Thiago da Costa Garcia, 24, além de dois adolescentes de 15 e 17 anos. Um dos jovens teria dito que eles tentaram praticar atentados a mando de traficantes da favela, mas a polícia ainda investiga a versão.
Por volta da 1h, na esquina das ruas Xavier da Silveira e Aires Saldanha, Thiago e J., 15, que estavam em uma moto, foram flagrados colocando um artefato aceso embaixo de um Meriva. Com a aproximação de um segurança da localidade, a dupla fugiu. O vigia conseguiu apagar o explosivo. Policiais fizeram um cerco e prenderam a dupla na Rua Miguel Lemos.
Meia hora depois, na Rua Hilário de Gouveia, outros dois ocupantes de uma moto também foram vistos colocando mais um explosivo embaixo de um Marea. O artefato não chegou a ser aceso e a dupla fugiu.
Informados das características dos suspeitos, PMs conseguiram identificar e apreender o menor P.,17. Ele estava sozinho, sentado na Praça Inhangá, ainda com o capacete na mão. Através dele, no final da madrugada, investigadores da 12ª DP (Copacabana) conseguiram prender Renan, que tinha bomba caseira.
O delegado-adjunto da 12º DP (Hilário de Gouveia), Bruno Gilaberte, pediu imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos e prédios da região para localizar outros suspeitos
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