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Economia
Segunda - 22 de Novembro de 2010 às 20:09

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O Brasil precisa elevar sua taxa de investimento para garantir um crescimento anual sustentado acima de 5% e o governo prepara medidas para que o setor privado tenha uma participação maior no financiamento de longo prazo já a partir de 2011, disse nesta segunda-feira o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho.

Segundo ele, a taxa que hoje gira em torno de 19% do PIB (Produto Interno Bruto), precisa subir para algo em torno de 23% a 24%, sem que o BNDES amplie sua participação nos empréstimos.

"Nossa [expectativa] é que todo incremento possa ser financiado pelo setor privado", afirmou durante entrevista no Reuters Brazil Investment Summit hoje, acrescentando que o banco está pronto para anunciar medidas nesse sentido.

Coutinho disse que o BNDES é hoje o "único financiador de longo prazo", mas mudanças sobre impostos e depósitos compulsórios podem ajudar a criar as condições para que o setor privado aumente seus financiamentos.

Poderiam ser concedidos benefícios fiscais para o investidor que o incentivassem a procurar aplicações de prazos mais longos, em detrimento dos papéis vinculados à Selic.

Os comentários ocorrem em meio a críticas de parte do mercado que vê um excesso do BNDES em sua ofensiva iniciada em 2008 para tentar conter os efeitos da crise, e que isso poderia causar distorções na economia.

Desde 2009, o governo já repassou cerca de R$ 200 bilhões em empréstimos ao BNDES para aumentar a capacidade do banco de conceder empréstimos.

Os investimentos de longo prazo no país mapeados pelo BNDES consumiram cerca de R$ 1 trilhão no período 2006-09, disse, e esta conta deve subir para cerca de R$ 1,6 trilhão entre 2011 e 2014. Os desembolsos do BNDES, contudo, devem parar de crescer. Para 2011, a estimativa de Coutinho é de que o banco ofereça um volume de financiamento similar ao deste ano, de cerca de R$ 146 bilhões.

Presidente do BNDES desde 2007, Coutinho tem sido frequentemente citado como um dos prováveis membros do atual governo que permaneceriam com Dilma Rousseff, mas o banqueiro disse que ainda não foi consultado a respeito.

CÂMBIO

O eventual aprofundamento da apreciação do real frente ao dólar pode ter como consequência o esvaziamento em setores da indústria nacional, à medida que parte do processo produtivo passa a ser feita no exterior, disse ele.

"Permitir que a apreciação persista e se aprofunde é um coisa negativa para a economia", disse. "As importações em manufaturados estão se acentuando em vários setores."

Para Coutinho, algumas das ferramentas que devem ser usadas para amortecer os efeitos negativos desse quadro é reduzir os fatores de ineficiência da economia doméstica, como na infraestrutura, além de medidas tributárias, como a eliminação de incentivos hoje concedidos Estados para importações.

"Vários Estados no Brasil têm dado incentivos criando verdadeiros corredores de importação", argumentou.

DESAFIOS

Boa parte do incremento das inversões deve ser dirigida para infraestrutura, setor que segundo Coutinho será um dos principais desafios do próximo governo e que segundo ele deve ter alta prioridade por Dilma Rousseff.

"A presidente eleita vai dedicar atenção grande à logística brasileira", afirmou.

Para Coutinho, o segmento aeroportuário "tem um gargalo sério", mas considerou que o problema deve ser equacionado em tempo hábil para os grandes eventos esportivos que o país vai sediar nos próximos anos.

Além seis arenas para a Copa de 2014 que já tiveram os projetos aprovados pelo BNDES, outras estão em análise. Além disso, deficiências na áreas de transporte e hotelaria já estão sendo resolvidas.

"Eu não vejo grandes problemas", afirmou.

O presidente do BNDES avalia que, além de aumentar significativamente a taxa de investimentos, impedir a continua valorização do real e enfrentar os problemas de infraestrutura, o país tem outros desafios importantes à frente.

Entre eles, melhorar a formação de mão de obra e sustentar o desenvolvimento regional e o processo de distribuição de renda. E conseguir tudo isso, acrescentou, com condições macroeconômicas estáveis.





Fonte: Reuters

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