Milhares vão às ruas de Cuiabá por respeito aos gays
Milhares de pessoas foram às ruas do Centro de Cuiabá ontem para acompanhar a 8ª Parada da Diversidade Sexual e da Cidadania LGBT, em Cuiabá. Sob forte sol e calor acima dos 35ºC, os participantes percorreram o centro da cidade pedindo o fim da homofobia e do preconceito. A saída foi na praça Ipiranga, passando pelas avenidas Prainha e Getúlio Vargas, até a praça Santos Dumont.
O tema da passeata este ano foi “Paz, Justiça e Cidadania por um Mato Grosso sem homofobia”. Para o organizador do evento, Clóvis Arantes, os homossexuais ainda precisam lutar por respeito. “Não estamos aqui pedindo para ser aceitos. O que nós queremos é ser respeitados. Somos todos iguais perante a lei”, disse.
A madrinha escolhida este ano para o evento foi a defensora pública Daniela Biancardini. Ela contou que trabalha junto ao movimento gay há seis anos, com ações voltadas para a cidadania e contra a violência. “Há formas diferentes de violência. Nesses anos de trabalho, percebi que as mulheres são mais vítimas de violência social. Os travestis, da violência física. Nós lutamos para tentar mudar esse quadro”, declarou. A evasão escolar dos homossexuais também é alvo de preocupação, segundo a defensora pública. “Por se sentir deslocado e em situação desconfortável, os gays acabam abandonando a escola. E a evasão é maior entre homens e nas escolas públicas”, acrescentou.
Mas, no meio do barulho e da movimentação do evento, um casal de idosos chamou a atenção. Hortência e Décio Matoso, de 81 e 85 anos, respectivamente, também estiveram na praça Ipiranga para participar da Parada Gay. “Eu adoro as paradas, nunca perdi uma. Todo ano eu dou um jeito de participar”, contou Hortência. “Sou totalmente contra o preconceito. Cada um nasce com sua sexualidade e temos a obrigação de respeitar isso”, completou Décio. Eles estão casados há 65 anos e têm 13 netos e 18 bisnetos.
As estudantes Priscila e Bianca (nomes fictícios), de 18 e 19 anos, namoram há três meses, mas têm que conviver com as restrições impostas pelo preconceito. “Não saímos de mãos dadas e sentimos muita falta de liberdade. Gostaríamos de agir como um casal qualquer, mas não tem como”, lamentou Bianca.
A orientação sexual de Eduardo Viana, de 18 anos, ainda não é bem aceita pela mãe. “Quando contei pra ela, há uns dois anos, ela ficou em choque. Mas aos poucos está se acostumando”, disse. Casado há cinco meses com Manuel Almeida, de 22 anos, ele garantiu que nunca sofreu preconceito. “As pessoas estão aprendendo a aceitar”, afirmou.
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