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Quinta - 29 de Agosto de 2013 às 09:42
Por: LISLAINE DOS ANJOS

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O consumo de bebida alcoólica em excesso é realidade no cotidiano de 20% da população cuiabana com idade acima de 18 anos.



 
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2012, aponta que um quinto das pessoas entrevistadas na época admitiu ter feito uso abusivo de álcool nos últimos 30 dias, o que concedeu à Capital o 10º lugar entre as Capitais no ranking de consumo de bebida alcoólica.



 
Na região Centro-Oeste, Cuiabá fica atrás apenas do Distrito Federal. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) levou em conta como consumo excessivo a ingestão de cinco doses ou mais entre homens e quatro doses ou mais entre mulheres.



 
O levantamento revela, ainda, que tal consumo é maior entre os jovens adultos, com idade entre 18 e 34 anos (46,5%).


 
A pesquisadora em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Delma Perpétua Oliveira de Souza, avalia os dados como preocupantes, principalmente pelo impacto que tal consumo abusivo causa no sistema público de saúde.


 
"Imagine quantos acidentes não ocorrem [motivados pelo álcool], quantas complicações de emergência, que não sejam acidentes, acontecem?" “O impacto é alto. Imagine quantos acidentes não ocorrem [motivados pelo álcool], quantas complicações de emergência, que não sejam acidentes, acontecem? Muitas vezes, por exemplo, uma pessoa faz uso de uma medicação e aí consome álcool, que, em consequência, potencializa o efeito dessa medicação”, disse.


 
Souza ressalta ainda a violência como consequência grave do consumo do álcool sem moderação, que pode se manifestar entre amigos e familiares.


 
“É comprovado por pesquisas que o álcool ajuda a desencadear um processo de violência, porque se a pessoa já traz com ela alguns traços agressivos, o álcool ajuda a liberar isso. E isso vai estar dentro da saúde como causa externa”, disse.


 
São vários os fatores que contribuem para o aumento do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, segundo a pesquisadora. Entre eles estão o alto número de bares e festas – principalmente as famosas “open bar” –, a facilidade no acesso a bebidas alcoólicas e a cultura vigente no país.


 
“São vários os fatores. Não dá para tachar um fator só como causador. Hoje nós temos essas doenças crônicas não transmissíveis, que são vinculadas a comportamentos preocupantes. É uma questão de contexto global, não é algo exclusivo de Cuiabá”, explicou.


 
Combinação perigosa


 
A pesquisa Vigitel 2012 aponta, ainda, que é alto o percentual de pessoas que, após consumir bebida alcoólica em qualquer quantidade, arrisca a vida no trânsito.


 
Nesse ponto, Cuiabá figura na 7ª posição do ranking entre as capitais: 10% dos adultos admitiram adotar essa prática.


 
O levantamento ressalta, como consequência desses atos, o alto número de acidentes de trânsito registrados no país, sendo a 2ª causa de internação por trauma no Sistema Único de Saúde.


 
"É comprovado por pesquisas que o álcool ajuda a desencadear um processo de violência, porque, se a pessoa já traz com ela alguns traços agressivos, o álcool ajuda a liberar isso" Em 2012, os acidentes de trânsito foram responsáveis pela internação de 161.707 internações, que custaram R$ 215 milhões aos cofres públicos. Os homens, aliás, são maioria entre as vítimas internadas, representado 78%.


 
Ações preventivas


 
Segundo o Ministério da Saúde, uma das ações tomadas pelo Governo Federal em todo o país para diminuir esses números foi o endurecimento da Lei Seca em dezembro de 2012 (que prevê sanções mais duras a condutores embriagados ou sob efeito de entorpecentes).


 
De acordo com a lei, dirigir após o consumo equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça, vodca ou uísque é o bastante para ser multado. As consequências são, ainda, de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e retenção do veículo.


 
Ser pego dirigindo após consumir uma quantidade de bebida alcoólica acima desses parâmetros é considerado um ato não apenas infração de trânsito, mas crime, e pode resultar ainda em detenção de seis meses a três anos e até mesmo proibição de se obter permissão ou habilitação para dirigir.


 
A pesquisa ressalta ainda a criação do Projeto “Vida no Trânsito”, lançado em junho de 2010 e presente em todas as capitais, que resultou na liberação, desde então, de R$ 25 milhões para implantação de ações educativas e de qualificação de sistemas de informação.





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