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Economia
Quinta - 18 de Novembro de 2010 às 16:01

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A indústria brasileira quer que o novo governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, adote medidas para turbinar a Camex (Câmara de Comércio Exterior). Encontro na Fiesp nesta quinta-feira, que teve a participação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), marcou posição do setor industrial contra a subserviência do único órgão gestor do comércio exterior brasileiro. Para a indústria, essa situação cria uma paralisia do setor e já representa uma ameaça real ao futuro da relação comercial brasileira com o resto do mundo.

Além de ter mais voz em relação a definição de estratégias para busca de acordos comerciais e de ter um órgão mais rápido para a defesa comercial, o reforço institucional da Camex pode evitar medidas contrárias aos interesses do comércio exterior brasileiros, como a questão tributária e o drama da questão cambial, que retira a capacidade de competição da indústria nacional.

A indústria também critica o fato de que as áreas de transporte e logística do governo não tem assento na Câmara. Um dos efeitos da atual situação é a perda de participação da indústria no PIB, hoje em 15% _nível de 1947, em parte pela redução da capacidade exportadora da indústria nacional.

Segundo o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Coscex (Conselho Superior de Comércio Exterior) da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o crescimento da relação comercial com o mundo (o que em trocas comerciais pode alcançar cifra de US$ 380 bilhões este ano) mascara um problema de gestão provocado pela falta de autonomia da Camex.

Uma proposta de revisão do papel da Camex já está nas mãos da equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff. Segundo Barbosa, a mudança é sutil. Apenas dá a Camex status de ministério vinculado-a ao gabinete da Presidência da República, medida que significa a retirada da Câmara da órbita do MIDC (Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior). Aliás, ministério apontado no encontro da indústria ontem em São Paulo como uma pasta sem força para discutir e implementar mudanças que possam alterar a situação do comércio exterior brasileiro.

A indústria está preocupada com a perda de participação do setor nas exportações. Dados apresentados ontem pelo vice-presidente da AEB (Associação....), José Augusto de Castro, mostram que pela primeira vez em 32 anos as exportações brasileiras de produtos básicos serão maiores do que a de manufaturados.

"Isso representa um enorme risco, porque 70% da pauta de exportações brasileiras são de commodities. Nesse caso, o Brasil não tem qualquer arbítrio sobre os preços desses produtos. Quer dizer, no limite, que o superavit comercial brasileiro pode se converter em deficit com a mudança de humor do mercado internacional", alerta Castro.

Em tom jocoso, Castro afirma que o Brasil está se tornando um exportador de "peso", não pela relevância internacional em manufaturados (muito distante de China e Índia), mas pela excessiva participação das commodities.

A criação de uma Camex mais forte, segundo o setor industrial, pode barrar a interferência de grupos não ligados ao comércio exterior. Hoje, há cerca de 40 órgãos ligados a administração do governo federal que apresentam proposta sobre o setor. "A coordenação desse grupo é fundamental. Do contrário não há como ter uma gestão eficiente da câmara", afirma Barbosa.

O resultado dessa pressão ainda é incerto, mas a indústria deve começar a enfatizar um argumento que pode ser eficiente: emprego. A redução das exportações representa uma ameaça real a geração de emprego no país. As importações crescem mais do que as exportações e isso representa menos empregos no país e mais empregos lá fora.

Segundo o embaixador, Rubens Barbosa, retomar o tema neste momento tem dois propósito: 1) mobilizar a militância do comércio exterior brasileiro para que o governo Dilma considere a mudança da Camex no próximo governo; e 2) mostrar que, apesar de ter quadruplicado o comércio exterior no Brasil --o que inclui importação e exportação--, o setor enfrenta uma crise no país, que é encoberta por números crescentes.






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