Invertendo a lógica, municípios como Cáceres e Rondonópolis, e até Alta Floresta, têm preços médios melhores que Cuiabá
Etanol está mais barato no interior de Mato Grosso
Mato Grosso não tem o etanol hidratado mais barato do Brasil e nem Cuiabá concentra o melhor preço de bomba do Estado, como sempre apontava o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Conforme revela o último monitoramento, realizado de 7 a 13 deste mês, o preço médio mais acessível foi encontrado em Rondonópolis (R$ 1,61), Santo Antônio de Leverger (R$ 1,66) e Cáceres (R$ 1,74).
Das oito cidades que semanalmente são alvo do monitoramento, nas três já citadas o litro está mais em conta. E em Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), onde o preço médio é de R$ 1,87, apenas R$ 0,03 acima do registrado em Cuiabá: R$ 1,84.
Chama a atenção o fato de que no levantamento realizado na primeira semana deste mês, Alta Floresta (803 quilômetros ao norte de Cuiabá) apresentou valor abaixo do observado em Cuiabá, R$ 1,82 contra R$ 1,85, na Capital. “Parece que o fato de o maior giro estar concentrado em Cuiabá e Várzea Grande não tem feito diferença ao segmento. Eu tive prova disto na semana passada. Tive acesso a uma nota fiscal na hora em que um posto localizado na Miguel Sutil recebia o etanol. O litro da distribuidora para o posto era de R$ 1,50. Obedecendo a margem de lucro de até 20% determinada pelo Ministério Público Federal o preço de bomba aumentaria R$ 0,30 e iria a R$ 1,80, e não a R$ 1,86 como está afixado”, argumenta uma fonte que pediu anonimato.
Além das cidades já citadas acima, completam o ranking da ANP Alta Floresta, onde o preço médio avançou para R$ 1,95, e Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), R$ 1,93. Várzea Grande tem preço médio de R$ 1,61, ou, R$ 0,23 a menos em relação ao preço de bomba da Capital. Aliás, outra inversão observada nos números da ANP é que o preço médio em Cuiabá, que está acima do preço médio do Estado: R$ 1,80.
O Diário procurou o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado (Sindipetróleo) para repercutir os números da ANP, na tarde de ontem, mas não pôde ser atendido.
Já o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindalcool) diz apenas estranhar a inversão de preços mais acessíveis, já que em cada um dos polos monitorados pela ANP há uma usina a cerca de 200 quilômetros. O município de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), por exemplo, deve receber etanol de Jaciara, assim como Cuiabá pode receber. A Capital, num raio de 200 quilômetros, tem as usinas de Jaciara, de Barra do Bugres e de Nova Olímpia como potenciais fornecedoras. Cuiabá tem, segundo o segmento, outra vantagem sobre os demais municípios: além do grande mercado consumidor, a maior parte das distribuidoras tem suas bases sediadas na Capital, fator considerável na hora de se contabilizar custos. “Cuiabá é o meio do caminho”, frisa o superintendente do Sindicato, Jorge dos Santos. (Veja quadro)
NÚMEROS – Mato Grosso, com preço médio de R$ 1,80, tem o 5° valor de bomba mais barato do Brasil. Conforme a ANP, o ranking é liderado por São Paulo (R$ 1,57), seguido de Goiás (R$ 1,65), Paraná (R$ 1,66) e Mato Grosso do Sul (R$ 1,77). O litro mais caro continua sendo o do Acre, R$ 2,36.
Em Mato Grosso, na semana terminada no último dia 13, Mato Grosso tinha como preço mínimo o valor de R$ 1,41, em Rondonópolis, e o máximo de R$ 2,09 em Alta Floresta. De 17 de outubro a 13 de novembro, o preço médio no Estado passou de R$ 1,65 para R$ 1,80, inflação de 9%.
Em relação ao valor adotado pelas distribuidoras, na semana em vigor, metade delas não apresentou notas ficais à ANP. No Estado a média foi de R$ 1,36. Em Cuiabá o valor médio foi também de R$ 1,36, em Rondonópolis, R$ 1,31, Sinop, R$ 1,46 e R$ 1,28 em Várzea Grande.
O curioso nesta análise sobre as notas fiscais é que no Mato Grosso do Sul, nesta mesma semana (7 a 13 de novembro), o preço médio foi de R$ 1,59, porém, na bomba, o preço médio chegou a R$ 1,77, valor abaixo do preço médio de Mato Grosso. O valor de distribuidora no Estado vizinho é maior, no entanto na bomba chega mais barato. Em todo o Estado, 140 postos foram monitorados.
GASOLINA – Para este combustível, a “tradição” está mantida: o preço do litro médio é um dos mais caros do país e o litro mais acessível na bomba está em Cuiabá e Várzea Grande. Enquanto o preço médio no Estado é de R$ 2,78, o 5° maior do Brasil, as duas cidades apresentam na bomba os seguintes valores: R$ 2,77 e R$ 2,67, respectivamente. São R$ 0,10 de diferença entre cidades vizinhas.
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