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Internacional
Sexta - 12 de Novembro de 2010 às 22:45

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O ex-presidente americano George W. Bush plagiou trechos de publicações anteriores no seu livro de memórias "Decision Points" (Momentos Decisivos, em tradução livre), lançado na última terça-feira (9), segundo o site americano "Huffington Post".

O livro é uma tentativa de Bush de "reescrever" a história --ou ao menos dar seu lado dela-- e defender um legado marcado pelo 11 de Setembro, pela aprovação à tortura e por duas guerras -- do Iraque e do Afeganistão.

De acordo com o "Huffington Post", Bush utilizou trechos de livros de memórias publicados por subordinados -- os quais ele reproduziu usando as mesmas palavras, como se fossem suas próprias lembranças. Ele também teria usado frases de artigos de jornais ou revistas da época em que estava na Casa Branca.

Segundo o site americano, em uma das passagens que teriam sido plagiadas, Bush relata um inusitado diálogo entre o presidente afegão, Hamid Karzai, e um senhor de guerra de etnia tadjique no dia da posse. "É o tipo de cena que ofereceria uma esperança de um futuro melhor para o país", destaca o "Huffington Post".

No entanto, é impossível que Bush tenha testemunhado tal cena, já que ele não compareceu à posse de Karzai. Apesar disso, o momento é descrito em detalhes no livro do ex-presidente: "Quando Karzai chegou a Cabul para a sua posse, em 22 de dezembro --102 dias depois do 11/9-- vários líderes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estavam cercados de guarda-costas para o cumprimentar no aeroporto. Quando ele chegou sozinho pouco depois, um estupefato líder tadjique perguntou onde estariam os seus seguranças. Karzai, então, teria respondido: "Por que, general, vocês são meus homens. Todos os afegãos são meus homens".

RIVAIS

Em outro episódio que seria plagiado, Bush descreve um comentário feito por seu rival John McCain a jornalistas como se tivesse sido feito diretamente a ele.

"McCain teve a chance de criar distância entre nós, mas ele não a utilizou. Ele havia defendido, por muito tempo, o envio de mais soldados ao Iraque, mas apoiou a nova estratégia [do governo] por completo. "Não posso garantir sucesso. Mas posso garantir fracasso se não adotarmos essa nova estratégia", diz o livro de Bush, citando McCain.

No entanto, ele não teria dito isso diretamente ao rival Bush, como o livro dá a entender, mas a um grupo de jornalistas. O trecho citado consta em uma reportagem do jornal "Washington Post", segundo o site.

Apesar do suposto plágio, segundo o site, Bush sugere nas notas do livro que a publicação se baseia em uma "extensa pesquisa" conduzida por Peter Rough, que teria passado 18 meses "vasculhando arquivos e fazendo pesquisas na internet".

Bush também teria colaborado, além do redator de seus discursos, Christopher Michel. Ainda de acordo com as notas da publicação, "Decision Points" teria sido baseado, além das pesquisas, em documentos do governo, entrevistas pessoais e outras "fontes confidenciais".

Em uma das questões mais polêmicas tratadas no livro, Bush confessa ter autorizado o uso do método conhecido como "waterboarding", simulação de afogamento que é considerada um tipo de tortura, durante interrogatórios feitos a suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de Setembro.






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