MG: Fernanda diz que mentiu sobre não ter visto Eliza no Rio
Fernanda Gomes Castro, amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, disse no início de sua fala na audiência no Fórum de Contagem (MG) que mentiu no depoimento que prestou à polícia na fase de inquérito do caso do desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. "Em primeiro lugar, eu queria pedir perdão à senhora (juíza), ao promotor de Justiça, à Justiça de Minas Gerais e à minha família porque eu omiti com a verdade quando disse que não tinha visto a Eliza", disse.
Fernanda afirmou que, na noite do dia 4 de junho, sexta-feira, recebeu uma ligação do amigo de Bruno Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pedindo que ela fosse com urgência para a casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Fernanda contou que estava com seu filho em casa e que, em seguida, foi sozinha para o local em seu carro. Ao chegar à portaria do condomínio, ela já tinha autorização para entrar sem ser parada. Ao encontrar com Macarrão, ele teria contado a ela de uma briga que aconteceu entre o primo de Bruno J., 17 anos, e Eliza dentro do carro depois que a dupla a buscou em um hotel no Rio. Macarrão disse que o adolescente teria ficado nervoso com algo que Eliza teria dito sobre Bruno e por isso a agrediu.
Até esse momento dos acontecimentos, Fernanda disse que não sabia que a mulher da qual eles falavam era Eliza. Segundo ela, Macarrão e J. se referiam a Eliza como uma mulher que tinha um suposto filho de Bruno.
Macarrão teria então relatado a Fernanda que a mulher estava no segundo andar da casa, com dores de cabeça devido à agressão de J. O assessor do goleiro disse que havia se encontrado com Eliza para negociar uma pensão. Fernanda disse ter encontrado o primo adolescente de Bruno com o filho de Eliza no colo e que o bebê chorava muito. Ainda segundo ela, a criança se acalmou após ela lhe dar mamadeira.
A amante do atleta disse ainda que passou a noite na casa, no quarto de Bruno, onde dormiu com o bebê. Segundo ela, Eliza ficou no segundo andar e as duas não se viram até o dia seguinte. Neste dia, Bruno estava concentrado com o Flamengo para um jogo no dia seguinte. Apenas no sábado, segundo Fernanda, ela teve o primeiro contato com Eliza na casa.
O depoimento de Fernanda começou por volta de 14h. A polícia mineira apura ainda se ela foi a Minas Gerais junto com o grupo. Fernanda foi indiciada por homicídio, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores. Foi presa em 5 de agosto na casa dos pais de Macarrão em Ribeirão das Neves (MG).
Ontem, a juíza Marixa Fabiane Lopes ouviu o depoimento de Bruno. O atleta disse que Eliza o procurou no dia 8 de junho, quando teria pedido a ele que ficasse com o filho por sete dias, pois ela teria que ir para São Paulo pagar algumas despesas com os R$ 30 mil recebidos dele em acordo feito para que ela não fizesse "escândalo" na imprensa. Segundo Bruno, Eliza foi embora do sítio em Minas do dia 10 de junho, sendo levada por Macarrão para um ponto de táxi. Depois, segundo ele, não soube mais da mulher. Macarrão se negou a responder as perguntas da juíza.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
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