Clima reflete diretamente no cultivo do grão que tem ciclo de produção curto
Preços do feijão variam até 100% ao longo do ano
As chuvas em excesso no início do ano e a escassez nos últimos meses fizeram com que o feijão tivesse um ano marcado por oscilações de preços e altas expressivas. Nos supermercados da Capital, o percentual de aumento entre o menor preço e o mais alto até outubro chega a 100%. No levantamento de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acumulado do ano apresenta aumento de 109,78% e 31% somente em outubro na comparação com o mês anterior.
No Mercado do Porto, o carioquinha sai por uma média de R$ 3,50 o quilo, sendo que chegou a atingir R$ 2,5 até R$ 6 este ano. O diretor da Associação dos Supermercados de Mato Grosso (Asmat), Altair Magalhães, explica que o ciclo do feijão é curto, com apenas 4 meses entre a plantação e a colheita do grão, e que estiagem provocou a falta de produto em todo o país. Porém, Magalhães também pondera que pelo mesmo motivo, o ciclo curto, rapidamente os preços voltam a retrair.
A gerente regional da rede Comper, Izilda Maria da Silva, diz que os seus fornecedores confirmam que o preço permanecerá estável com possíveis altas e que não deve haver reduções em breve. No estabelecimento, o feijão variou entre R$ 2,50 e R$ 4,39 durante os 10 meses deste ano, registrando até 100% de aumento.
O consumidor não altera seu comportamento com relação ao preço devido à importância que o alimento tem na cultura alimentar brasileira. O caminhoneiro Castor Jacinto é exemplo disso. Segundo o trabalhador, de 52 anos, independentemente do valor, o feijão e a carne não faltam na mesa. "Posso até deixar de comprar outras coisas, mas carne e feijão é sagrado. Outro dia vim aqui e o feijão estava R$ 6 o quilo, e mesmo assim levei".
Izilda da Silva confirma o relato do caminhoneiro. De acordo com a gerente, em todo este período de mudanças, o consumo se manteve estável nas lojas. "O consumidor tem o hábito de comer o feijão e ele se adapta ao preço ou migra de uma marca para outra".
Altair Magalhães diz o consumo familiar, apesar de constante, não é variável, e por isso é possível manter o alimento na mesa. Na rede de supermercados Modelo, o consumo de feijão é expressivo, mas não ultrapassa o consumo de arroz.
O comerciante José Sousa, do Mercado do Porto, diz que o preço do feijão é sempre assim, variável o ano inteiro, assim como é diferenciado o preço de uma qualidade e variedade para outra. Em sua banca o feijão custa, em média, R$ 3,50, mas no caso como do feijão rosinha este preço pode chegar a R$ 8 o quilo. O consumidor tem cerca de 10 variedades de feijão disponíveis para compra no Mercado do Porto.
Leilão - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) promove amanhã (11) o leilão de 33,8 mil toneladas de feijão. Mato Grosso não irá comercializar o grão, mas poderá adquiri-lo nesta etapa.
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