A Operação Teníase, que mobilizou 281 policiais federais e 75 viaturas, ocorre após mais de dois anos de investigação e é uma ação conjunta entre a PF, o Ministério Público Federal (MPF) e a Previdênc
PF prende 31 em ação contra desvio milionário do INSS no Rio
A Polícia Federal (PF) cumpriu, até as 11h desta terça-feira, 31 mandados de prisão e 81 mandados de busca e apreensão contra quadrilhas que obtinham benefícios irregulares em agências de previdência social de Fátima/Niterói, Copacabana, Cosme Velho, Itaboraí e Teresópolis, no Rio de Janeiro. Foram apreendidos R$ 40 mil na casa de um único servidor do INSS. Apurações preliminares apontaram que as atividades ilícitas geravam prejuízos de pelo menos R$ 7 milhões por mês.
"Identificamos fraudes em auxílio doença, aposentadoria por tempo de contribuição, entre outros. A maior fraude era a negociação ilícita entre os criminosos", disse o delegado responsável pela operação, Fernando Cesar Araujo Ferreira.
De acordo com ele, um dos presos é um médico perito, capturado em Copacabana, por emitir atestados falsos. A polícia também anunciou que o Brasil sofre com as ilegalidades na concessão de benefícios irregulares: são 8,6 mil benefícios, 1.030 do Rio de Janeiro. Um servidor preso pagava R$ 2,8 mil de aposentadoria por mês para um parente que morava na Inglaterra.
A Operação Teníase, que mobilizou 281 policiais federais e 75 viaturas, ocorre após mais de dois anos de investigação e é uma ação conjunta entre a PF, o Ministério Público Federal (MPF) e a Previdência Social. Os 114 mandados foram expedidos pelo juiz Vlamir Costa Magalhães, da 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, após o recebimento de 16 denúncias encaminhadas pelo Ministério Público Federal contra 45 pessoas, entre elas servidores, advogados, despachantes e demais intermediários.
Os acusados vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos e estelionato e estarão sujeitos a penas que, somadas, podem alcançar mais de 30 anos. De acordo com as denúncias, servidores da Previdência Social aceitavam propina em troca da concessão de benefícios previdenciários. Em alguns casos, segundo o MPF, as irregularidades envolviam o uso de empresas de fachada e alcançavam os benefícios de auxílio-doença e pensão por morte.
O delegado, que conduziu as investigações, apontou 139 fatos criminosos e mais de mil benefícios irregulares. Ele comentou a atividade dos fraudadores: "Atuam como se a Previdência fosse uma empresa privada cujo objeto empresarial seria a negociação de produtos (os benefícios previdenciários) vendidos pelos funcionários da empresa (os servidores do INSS), que se valem da intermediação de representantes de vendas (advogados e despachantes) a clientes, que seriam os segurados da Previdência Social".
A lista com o nome das pessoas detidas deve ser divulgada ainda hoje, caso a Justíça permita.
Segundo o procurador da República Carlos Alberto Aguiar, alguns servidores denunciados pela Operação Teníase já haviam sido investigados e detidos em outras ocasiões, mas voltaram a cometer os mesmos crimes.
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