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Cidades/Geral
Terça - 27 de Agosto de 2013 às 10:35

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Um homem que se diz médico de nacionalidade cubana e acumula diversas passagens pelas polícias em países da América do Sul por prática de fraudes, entrou ilegalmente no Brasil no último dia 18, se apresentou espontaneamente à Polícia Federal em Cascavel, a 497 km de Curitiba, e solicitou o reconhecimento da condição de refugiado, alegando perseguição do governo de Raul Castro. De acordo com o agente da PF que o atendeu, o homem informou que teria chegado ao Brasil pelo Paraguai, onde estaria a trabalho como membro da Brigada Médica Cubana em Assunção e havia desertado.


 
Apresentando cópia de um suposto passaporte cubano em nome de José Ricardo Marin Forno, o homem recebeu um cartão de cadastro do pedido de refúgio, expedido pelo Serviço de Migração da Polícia Federal válido até fevereiro de 2014, e com o documento conseguiu obter o Cadastro de Pessoa Física (CPF) na Receita Federal, protocolando ainda a solicitação de carteira de trabalho na agência do Ministério do Trabalho e Emprego. O procedimento é normatizado pela Lei 9.474/97, conhecida como Estatuto dos Refugiados.


 
De posse dos documentos, ele se hospedou em um hotel da cidade e desapareceu no dia seguinte sem pagar o valor da diária. Preocupada com o hóspede estrangeiro, a gerência do hotel comunicou o desaparecimento à Polícia Civil.


 
Fotos do homem foram compartilhadas em redes sociais e o Grupo de Diligências Especiais chegou a ser acionado para localizar o suposto médico. Uma semana depois, na segunda-feira (26), Marin Forno foi localizado em Campo Mourão, a 177 km de Cascavel. Ele estava no mesmo hotel onde está hospedado o delegado Amir Salmen, que assumiu a delegacia da cidade há duas semanas. O suposto médico cubano foi levado para delegacia para prestar esclarecimentos sobre o desaparecimento e sobre a denúncia de um suposto abuso sexual que teria sido registrado por uma mulher.


 
Ao consultar a Polícia Federal, o delegado foi informado que a situação do homem era legal no Brasil e que não havia nenhum pedido de prisão contra ele. Sem provas em relação ao suposto abuso sexual, que ainda é investigado, o homem foi liberado e retornou ao hotel.


 
Salário de US$ 20


 
Localizado pelo Terra na noite de segunda-feira, o suposto médico relatou que havia deixado Cuba há seis meses para trabalhar na Brigada Médica Cubana no Hospital Geral em Assunção, no Paraguai. Disse que recebia mensalmente US$ 20 pelo trabalho, atuando como cirurgião e ginecologista e que havia desertado por não concordar com a exploração de seu trabalho. O suposto médico afirmou que se formou há 14 anos pelo Instituto Superior de Ciências Médicas Santiago de Cuba.


 
Marin Forno contou que seu pai também é médico e atua em Miami, onde é asilado político. O homem disse que, antes de deixar Assunção, foi assaltado e perdeu todos os documentos, incluindo o título de médico e US$ 1,5 mil. Para comprovar sua versão, ele apresentou recortes de jornais paraguaios e o registro de denúncia na polícia paraguaia.


 
No Brasil, Marin Forno afirmou ter entrado pela fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este. No local, teria sido encaminhado para a PF de Cascavel, apesar da existência de uma delegacia do órgão em Foz do Iguaçu. Após conseguir registrar o pedido de refúgio em Cascavel, ele disse ter procurado Campo Mourão para localizar um médico boliviano com quem queria trabalhar. O suposto médico, no entanto, não explicou porque deixou o hotel sem pagar a diária.


 
O Terra conversou com o médico citado pelo homem. Formado no Rio de Janeiro e atuando há vários anos em Campo Mourão, o profissional informou que o suposto cubano teria comparecido ao seu consultório e solicitado ajuda financeira para pagar o hotel e refeições, enquanto esperava o recebimento de US$ 2 mil que seriam enviados por seu pai de Miami para a conta bancária de uma mulher que ele havia conhecido na cidade.


 
Consternado com a situação, o médico boliviano aceitou auxiliar o suposto colega. No entanto, o médico boliviano não esperava que o homem se hospedasse em um hotel considerado de luxo da cidade. "Até indiquei um restaurante mais barato e outro hotel. Mas ele pediu R$ 100 emprestado e só fiquei sabendo onde ele estava quando fui procurado pela polícia para falar sobre ele. Paguei a conta dele no hotel e no restaurante para não ter problemas, apesar de não ter autorizado", disse o profissional que preferiu não ser identificado.


 
Marin Forno também teria se envolvido com uma mulher na cidade, solicitando inclusive o empréstimo da conta bancária dela para receber o depósito do dinheiro que seria enviado de Miami. Segundo ele, houve erro nos dados e o dinheiro foi estornado. A mulher seria a autora da denúncia de abuso sexual registrada na delegacia.




Fonte: Terra

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