Dilma diz que irá acompanhar "com rigor" guerra cambial entre países
A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta segunda-feira que irá acompanhar com rigor a guerra cambial, principalmente de países que mantêm suas moedas desvalorizadas artificialmente.
"Nós não vamos deixar de acompanhar com rigor todo esse processo de briga cambial", afirmou, em sua primeira entrevista como presidente eleita dada ao Jornal da Record.
A petista disse que vai trabalhar por instituições internacionais fortes que impeçam moedas desvalorizadas. "Não deixar fazer aquela política pragmática só para o próprio país."
Questionada se Guido Mantega e Henrique Meirelles seriam nomes de seu governo, a petista disse que terá cautela ao tratar dessas escolhas. "Eu acredito que esses serão anúncios que terei mais cuidado a fazer. Eu ainda não tenho a decisão tomada", disse.
Reportagem da Folha publicada ontem mostra que o presidente Lula aconselhou sua sucessora a manter os dois nos cargos. Na avaliação de Lula a "dobradinha" entre Mantega, tido como mais desenvolvimentista, e Meirelles, mais conservador, na crise econômica internacional de 2008/ 2009.
A presidente eleita disse que não pensa a curto prazo reduzir a meta de inflação, atualmente em 4,5% ao ano, devido ao cenário internacional e que terá atenção especial para acompanhar o cambio flutuante.
"Eu manterei no meu governo todos os princípios que regeram o nosso governo no período Lula. São os princípios que fundam a estabilidade e equilíbrio macroeconômico no Brasil. Nós não brincaremos com a inflação. Nós seremos um governo que terá metas inflacionárias da mesma forma que no governo Lula", disse.
A petista afirmou que será rígida com os gastos públicos. "Terei um controle dos gastos públicos porque a característica principal de um governo no mundo de hoje é não gastar o que não pode, mas manteremos gastos sociais e investimentos", disse.
Na entrevista, a candidata disse que ao longo da campanha se "entristeceu" com algumas reportagens, mas não citou especificamente nenhuma matéria. A presidente defendeu a liberdade de imprensa e disse que vai reclamar sempre que se sentir ofendida.
"Eu me entristeci em alguns momentos, mas acho que não cabe em relação a imprensa, da parte de qualquer pessoa que seja, principalmente pessoa pública, qualquer nível de crítica tentando coibir o que a imprensa disse. Isso não impede que eu me sinta prejudicada em alguns momentos e proteste. Eu me dou o direito de em alguns momentos que me sentir atingida me defender", afirmou.
Dilma disse que caiu a ficha da vitória perto do amanhecer. A petista disse que ao subir a rampa do Palácio do Planalto estará feliz e triste ao mesmo tempo. "Vou ficar muito alegre de assumir a Presidência e triste pela despedida do presidente com quem tive um desafio imenso e muitas realizações. Vai ser um momento de muita emoção", disse.
A presidente eleita afirmou que passou o dia, na sua casa em Brasília, recebendo cumprimentos pelo telefone e citou a conversar com o presidente dos EUA, Barack Obama.
Comentários