Marmitarias e restaurantes estão segurando a alta, mas podem reajustar valores nos próximos dias
Preço da carne bovina dispara em Mato Grosso
Escassez de animal no pasto, queimadas, crise no setor frigorífico e dólar em baixa são alguns dos fatores que causam susto no consumidor na hora de comprar carne bovina. De acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nos últimos 5 anos o preço do quilo da carne aumentou 106% no varejo enquanto que a arroba do boi teve valorização de 70%. No último mês, alguns cortes tiveram incremento acima de 40% e o consumo caiu em média 5%.
Todo este movimento no setor da pecuária, da indústria frigorífica e no setor varejista afeta o consumidor final, mesmo aqueles que não cozinham em casa. No segmento de alimentos, por exemplo, empresários tentam driblar o aumento oferecendo alternativas como frango e carne suína, mas em alguns casos, o aumento de preço vai ser inevitável. No restaurante KG, o proprietário José Ignácio de Lima diz que está tentando negociar com o fornecedor, mas que por enquanto está amargando o prejuízo. "Estamos tentando colocar outros tipos de carne, mas o cliente exige a carne vermelha. Nos últimos 60 dias meus custos com a carne aumentaram em cerca de 30%".
Na marmitaria Maria Isabel as carnes de primeira estão sendo substituídas pelas de segunda e o proprietário está tendo que explicar aos clientes porque estão fazendo mais frango. "Até agora estou arcando com o prejuízo, mas não sei até quando isso será possível". Na churrascaria Boi Grill, que compra uma média de uma tonelada de carne por semana, o empresário Fernando Nonato afirma que infelizmente haverá reajuste de preço do rodízio. "A gente segura até quando dá, mas como sempre teremos que repassar o aumento".
O repasse, aliás, é a justificativa do setor industrial. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas, a raiz do problema está na falta de boi. "Estamos trabalhando com capacidade ociosa e os custos estão ultrapassando os lucros. Nossa margem é muito menor hoje do que há 5 anos".
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari reconhece que houve uma recuperação no preço da arroba nos últimos anos e que os frigoríficos repassaram isso. O questionamento dele é sobre a discrepância entre a variação no campo, nas indústrias e no varejo. "Se acompanhar a evolução no frigorífico observa-se que é condizente ao preço da arroba, mas o varejo não. Principalmente quando há redução de preço no setor produtivo e isso não atinge o consumidor final".
Nos supermercados, o que se percebe é um trânsito de carne vermelha para a carne branca e o diretor da Associação Mato-grossense de Supermercados (Asmat), Altair Magalhães, diz que o aumento, em primeiro lugar, é comum neste período do ano, além disso, o também proprietário da rede Modelo afirma que o preço da carne estava estável há alguns meses e com a estiagem o aumento é natural.
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