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Cidades/Geral
Segunda - 26 de Agosto de 2013 às 08:54

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A falta de infraestrutura básica para atender a população e a extensão territorial de Mato Grosso fazem com que o Estado tenha alto número de casos de 5 "doenças negligenciadas", das 7 consideradas prioritárias pelo governo federal. São apontadas pelo Ministério da Saúde como doenças negligenciadas ou em eliminação a hanseníase, dengue, leishmaniose, tuberculose, malária, esquistossomose e Doença de Chagas. No Estado, somente as duas últimas não são transmitidas no território e os pacientes em tratamento são de outras localidades.


 
Em compensação, Mato Grosso ocupa o quarto lugar no ranking do país com maior número de pacientes com hanseníase e dengue e quinto quanto a leishmaniose. Quanto a tuberculose, detém o maior número de pacientes da região Centro-Oeste e é o 13º colocado no ranking nacional. Os dados são do MS.


 
O coordenador em Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Sandro Luiz Netto explica que essas doenças estão muito longe de ser um problema específico da saúde pública. O controle e baixa nos números de casos dependem de infraestrutura básica dos municípios, como saneamento básico, água potável, oferta de alimentação adequada e fortalecimento da rede municipal de saúde.


 
Aponta ainda que o bioma e a dimensão do Estado são outros fatores que impulsionam o aumento dos casos. Como a extensão territorial é grande e falta atendimento referenciado no interior, muitos pacientes precisam se deslocar até a capital para o tratamento. "Têm pessoas que não querem deixar suas casas, viajar mais de mil quilômetros para fazer o tratamento e acabam propagando as doenças que são contagiosas".


 
Médico do Programa de Saúde da Família (PSF), Werley Peres complementa que é preciso melhorar as condições de vida da população para conseguir reduzir os índices alarmantes de doenças como a hanseníase e a tuberculose, que em 2012 registraram 2.110 e 1.319 novos pacientes, respectivamente.


 
Ele destaca que as enfermidades podem acometer pessoas de todas as classes sociais, mas são mais recorrentes nas classes baixas diante das condições de vida e exposição maior aos riscos. Peres frisa que as duas doenças são transmitidas pelo contato, especialmente onde existe aglomeração de pessoas. "Em famílias menos privilegiadas um pequeno espaço é dividido por várias pessoas. Isso proporciona a propagação dessas e de outras doenças. Soma a isso, o esgoto aberto, falta de lazer, alimentação precária e a baixa imunidade. Essa é a realidade da maior parte da nossa população".


 
Outros 2 empecilhos encontrados para combater principalmente a tuberculose e a hanseníase são o preconceito e a longa duração do tratamento. "Existe muito preconceito e as pessoas ficam com vergonha de falar que têm a doença, desistem do tratamento porque é longo ou por acharem que estão curadas. Tudo isso agrava a situação".


 
O segurança patrimonial e radialista Ladisnelson Araújo da Silva, 69, relata que teve hanseníase e tratou até o final. Cita que ao descobrir a contaminação uma das preocupações era saber como as pessoas reagiriam ao saber que ele estava doente. "Como trabalho com pessoas esclarecidas, não fui vítima de preconceito. Nem no serviço, nem em casa. Tratei por um ano, sempre recebendo muito incentivo da família".


 
LEISHMANIOSE - Com 2.551 casos registrados em 2012 de leishmaniose em Mato Grosso, Sandro destaca que a propagação da doença é reflexo do bioma do Estado. Lembra que a contaminação ocorre por meio do mosquito flebotomíneos, que nasce em regiões úmidas com alto acúmulo de material orgânico.


 
"Não é viável pensar em eliminação do transmissor porque estamos em uma região em que o próprio meio ambiente dificulta o combate. Na verdade, fomos nós que invadimos o espaço dos mosquitos com a urbanização. O que precisamos fazer é trabalhar no controle do mosquito e tratamento dos pacientes".


 
Quanto à dengue, que registrou 33.260 casos ano passado, o coordenador destaca que os números permanecem altos como reflexo da inserção do sorotipo 4 da doença. Lembra que a circulação de um novo tipo da doença expõe a população à nova contaminação e os números sobem. A malária está estável com 124 casos registrados.


 
CHAGAS E ESQUISTOSSOMOSE - Conforme Sandro, Mato Grosso não apresenta problema endêmico de esquistossomose e Doença de Chagas. No Estado não há a espécie de caramujo que faz parte do ciclo de propagação da doença. "Sem o caramujo é impossível ter a contaminação. Os casos em tratamento são importados, de pessoas de outros estados que vieram para cá".


 
Em relação à Doença de Chagas, Mato Grosso tem o vetor, mas não tem o agente que provoca a enfermidade. O que também elimina a chance de contaminação pela doença.




Fonte: A Gazeta

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