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Unidade psiquiátrica está sem medicamento há 15 dias; infraestrutura também é precária
Hospital "Adauto Botelho" enfrenta problemas crônicos
A falta de medicamentos no Centro Integrado de Apoio Psicossocial (CIAPS) Adauto Botelho, localizado na região Sul da Capital, é a principal causa do fechamento do Pronto Atendimento da unidade.
Há pelo menos 15 dias, pacientes de Cuiabá e do interior de Mato Grosso têm ouvido um sonoro “não”, ao tentarem dar entrada na unidade psiquiátrica.
Ao MidiaNews, a enfermeira Ubenice Ferreira da Silva Rondon denunciou o caos recorrente que o hospital enfrenta.
“É praticamente crônico os problemas do Adauto Botelho. Estou há 15 anos atuando ali e já perdi as contas das vezes em que ele fechou as portas por falta de medicamentos ou por outros motivos diversos. Antes, não tínhamos médicos; agora, não temos remédios”, afirmou.
À extensa de lista de dificuldades, soma-se a superlotação da unidade, também frequente.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), responsável pelo Adauto Botelho, atualmente, são 70 leitos, sendo 50 para homens e 20 para mulheres.
Ainda assim, a informação do assessor especial da SES à disposição da unidade, João Santana Botelho, na última sexta-feira (23), é de que a unidade estaria com 90 pacientes.
“Estamos ‘beirando’ 90 pacientes e, evidentemente, temos utensílios para atender os 70”, afirmou.
Para a enfermeira Ubenice, o cenário é “lamentável” e, até mesmo, “cruel”.
“Passamos por diversos constrangimentos, por não poder atender à população. Chegam Samu, Polícia, ambulância do interior e temos que dizer não. É uma calamidade pública, principalmente quando se trata do único hospital de psiquiatria em Cuiabá”, disse a servidora.
Apesar da falta de medicamentos ter tido seu ápice há 15 dias, conforme a profissional, a Central de Assistência Farmacêutica (CAF) não repassa os remédios há dois meses.
“Tanto recurso foi investido nas Organizações Sociais de Saúde (OSS – modelo terceirizado de gestão) e, enquanto isso, o Governo vira as costas para a saúde mental, seus pacientes e familiares. A população está revoltada e nós acabamos sendo agredidos”, denunciou.
Para a enfermeira, por ser psiquiátrica, a unidade é preterida pelo Estado.
“Somos extremamente deixados de lado. É precário e temos dificuldade rotineiramente”, completou.
Outro lado
“É uma verdade. Os medicamentos básicos nós não temos deixado faltar. No último dia 17, eu mesmo levei os remédios. Na próxima semana, os demais psicotrópicos também devem chegar. Porém, temos diversos outros problemas, além desses”, disse João Santana Botelho.
“O primeiro é que o Adauto Botelho recebe a demanda reprimida de Mato Grosso inteiro. Infelizmente, alguns municípios não cumprem a lei que prevê que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) também devem funcionar na atenção básica. Assim, o Adauto carrega sozinho essa demanda”, disse.
De acordo com Botelho, o segundo problema é a falta de infraestrutura da unidade hospitalar, que, segundo ele, começou a ser solucionado.
“Na segunda-feira (26), teremos uma reunião com a superintendência administrativa e já temos ordem do serviço para fazer a reforma da rede de esgoto, como também do Lar Doce Lar (Unidade de Atenção a Portadores de Deficiências Físico-Mentais onde os pacientes moram no local). Apesar das dificuldades, estamos vislumbrando materialmente a possibiliade de melhorias”, afirmou.
Problemas crônicos
Apesar das promessas do Governo do Estado com o Hospital Adauto Botelho, no ano passado, foi preciso intervenção do Ministério Público Estadual na unidade.
Uma ação proposta pelo promotor Alexandre de Matos Guedes determinou o Governo a promover reforma geral no local.
A atitude foi reflexo de uma ronda da Vigilância Sanitária à época, que apontou 496 irregularidades dentro do Centro. Com destaque para a ala masculina, que, segundo o laudo, se encontra em situação de total abandono por parte dos gestores.
A falta de manutenção predial e de equipamentos, segundo o órgão, oferecia aos internos atendimento precário e de risco à sua segurança e, consequentemente, à sua saúde, bem como para a dos trabalhadores que prestam assistência aos usuários.
Fonte:
Mídia News
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