Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 20 de Outubro de 2010 às 19:47

    Imprimir


Marisol Valles tem 20 anos, um filho ainda bebê e 19 policiais sob seu comando, os quais chefia a partir desta quarta-feira como comandante da polícia do povoado mexicano de Praxedis Guadalupe Guerrero. O local é castigado pela violência e fica em uma das passagens mais usadas pelos cartéis para levar drogas aos Estados Unidos.

Ninguém mais quis assumir o cargo de chefe de polícia na cidade de 10.000 habitantes, às margens do fronteiriço rio Bravo. O prefeito foi assassinado em junho. Essa estudante de criminologia decidiu enfrentar o desafio, embora reconheça que sinta medo.

"No México, todos temos medo agora. O que precisamos é que o medo não nos vença", disse a jovem magra, que usa óculos e prende os cabelos, enquanto segura um caderno de estudante.

Valles foi nomeada na tarde de segunda-feira (18). Ela era a única candidata. Na quarta-feira, na praça do povoado, foram passados em revista os 19 policiais, dos quais nove são mulheres recentemente incorporadas.

"Arrisquei-me porque quero que o meu filho viva em uma comunidade diferente da que temos hoje. Quero que as pessoas não vivam mais com medo de sair, como era antes", afirmou.

TRABALHO DURO

Mais de 2.500 pessoas foram assassinadas este ano na região do vale de Juárez, onde se situa o povoado, e a região é utilizada pelos traficantes e coiotes que levam drogas e imigrantes ilegais aos Estados Unidos.

Mas Valles sabe que, com os poucos recursos de que dispõe, seu trabalho não pode ser combater os poderosos cartéis de Juárez e Sinaloa que, segundo o governo, estão por trás da maior parte dos homicídios cometidos na região.

A tarefa cabe ao Exército e à polícia federal, reconheceu. Ela disse que se dedicará a recuperar a tranquilidade nos espaços públicos e, para isso, já começou a visitar escolas e, em alguns bairros, entrou em cada casa para se apresentar.

"Fui bem recebida pelas pessoas e sei que me ajudarão, que vão colaborar comigo para encontrar soluções para os problemas de segurança", explicou.

OFENSIVA

Em milhares de povoados mexicanos, os escassos, mal armados e mal pagos policiais municipais acabam colocando-se a serviço de traficantes de drogas, reconheceu o governo, que desde 2006 envolveu o Exército e a Marinha de guerra em uma ofensiva contra os sete cartéis que operam no país. A ofensiva já resultou em 28 mil mortes.

Uma reforma constitucional está tramitando para se conseguir que os 160 mil militares e 2.500 policiais municipais passem ao comando dos governos estatais.

Os policiais municipais são quase 40% dos 433 mil policiais que o México tem. Deste total, apenas 33 mil são policiais federais, os mais diretamente envolvidos na luta contra crimes e o narcotráfico.

Valles, que disse ter demorado um mês para aceitar o cargo e que só o fez após consultar sua família, parece estar certa do desafio que decidiu enfrentar.

"Acreditamos em sua capacidade", disse Andrés Morales, secretário da prefeitura da cidade, ao explicar porque foi nomeada.

"O tema social a incomoda, mas não fica aí: propõe soluções", explicou.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/113027/visualizar/