Medidas cambiais só se sustentam no curto prazo, diz Delfim Netto
As medidas adotadas pelo governo federal para tentar frear a valorização do real frente ao dólar só devem ter eficácia no curto prazo, avaliou nesta quarta-feira o economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Entre as medidas adotadas está a elevação da alíquota do IOF ( Imposto sobre Operações Financeiras) de investimentos estrangeiros nas aplicações de renda fixa de 4% para 6% --apenas duas semanas após elevar a alíquota de 2% para 4%.
Para o ex-ministro, a guerra cambial traz prejuízos imensos para a indústria brasileira e "não há uma solução mágica". Perguntado sobre a possibilidade de um acordo multilateral no âmbito do G-20 (grupo das maiores economias do mundo, incluindo os emergentes), que tem encontro marcado para o mês que vem, na Coreia do Sul, o economista defendeu que a única atitude possível seria uma pressão sobre a China, que mantém a moeda local, o yuan, artificialmente desvalorizada em relação ao dólar.
Delfim Netto também disse que o Brasil deveria buscar o caminho da equiparação da taxa real de juros à dos países desenvolvidos. Segundo ele, o Brasil precisa reduzir os gastos com custeio do setor público e aumentar a taxa de investimentos. Na projeção dele, no entanto, a economia brasileira deve continuar crescendo nos próximos anos na média de 7,5%.
Caso o Copom (Comitê de Política Monetária) decida manter hoje a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 10,75% ao ano, a taxa real (descontada a inflação) deverá ficar entre 5% e 6%. Nos países desenvolvidos, a taxa de remuneração dos títulos públicos está próxima de zero.
Delfim Netto participou do 5º Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento, organizado pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito), no auditório da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
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