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Economia
Sexta - 01 de Outubro de 2010 às 15:20

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Os principais desafios do Brasil para conseguir se tornar um país desenvolvido, na avaliação do economista Makhtar Diop, diretor do Banco Mundial para o Brasil, são as desigualdades regionais, a falta de infraestrutura, a qualidade da educação, a sustentabilidade ambiental e a questão agrária.

Para o senegalês Diop, "o importante é que todas essas (questões), sem exceção, estão sendo atendidas".

"O Brasil pode esperar um futuro de mais crescimento, oportunidades e bem-estar para todos os seus cidadãos, assim como ser um exemplo para outros países - isso é a verdadeira essência de ser uma nação desenvolvida", diz.

Diop, que dirige o Banco Mundial no Brasil desde janeiro de 2009, foi ministro das Finanças do Senegal entre 2000 e 2001. Ele é uma das personalidades ouvidas pela BBC Brasil para a série "O que falta ao Brasil?", que discute os desafios do Brasil para se tornar um país desenvolvido.

Para Diop, "o Brasil está vivendo um momento excepcional, fruto de décadas de trabalho duro". "O país conseguiu um desenvolvimento social e econômico impressionante, reduziu a pobreza em dezenas de milhões e construiu uma economia que está crescendo solidamente e navegou com tranquilidade pela crise financeira global".

Ele diz ainda que o Brasil "é uma voz de liderança no mundo multipolar atual, com um papel ativo nas discussões sobre desenvolvimento internacional".

REFORMAS

A avaliação do representante do Banco Mundial coincide em parte com a de outro integrante do painel de especialistas ouvidos para série, o representante do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) no Brasil, José Luiz Lupo.

Para Lupo, "as condições de base estão dadas para que o país se torne uma potência". "O país possui os recursos naturais que lhe dará liderança em temas-chave como energia, alimentação e meio ambiente. Existe uma indústria que se renova, capital humano, e um Estado com capacidade fiscal, fruto da elevação da carga tributária observada nas últimas décadas", afirma.

Ele diz, no entanto, que "para se tornar uma potência e ganhar competitividade e produtividade é fundamental que o Brasil passe por reformas estruturantes".

"As reformas tributária, previdenciária e trabalhista são algumas das principais frentes de ação para que o Brasil amplie sua capacidade de crescer internamente e de competir no cenário internacional", diz.

Lopes diz ainda que é necessária uma modernização do Estado, para torná-lo "mais eficiente e com capacidade para responder aos novos desafios e prestar serviços em um outro padrão; um Estado que simplifique a vida do cidadão, do empresário, do investidor".

EFICIÊNCIA DO ESTADO

Para ele, "é necessário incentivar ações que envolvam melhorias na gestão por resultados, aumento da eficiência do Estado, informatização dos serviços, mobilidade de pessoal, descentralização, transparência, aumento das capacidades locais (quase 5600 municípios havendo alguns ainda com gestão rudimentar), aceleração de processos, simplificação e modernização dos aparatos legais e cartoriais".

"Todas estas ações tem como princípio a transparência, o antídoto para a paralisia e práticas desleais, e que consequentemente evitam existência de corrupção", diz.

Outro fator importante para que o Brasil se torne uma potência, em sua avaliação, é o aumento dos índices de produtividade. "Se os níveis de produtividade do país tivessem sido maiores desde 1960, a renda per capita hoje seria 54% maior", afirma.

Ele elenca ainda entre os desafios do país o aumento ainda maior da oferta de crédito, a simplificação do sistema tributário, a redução da informalidade, a melhoria da seguridade social e o incentivo à inovação.

Por fim, Lopes diz ainda que "é necessário o melhor aproveitamento dos fundos do petróleo, fazendo com que os rendimentos fiquem no fundo soberano; o maior investimento em energias limpas; e o aumento dos investimentos em infraestrutura" para que o Brasil possa se elevar à condição de potência econômica. 






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