Os quatro presidenciáveis que lideram as pesquisas de opinião amenizaram o tom de confronto e aproveitaram o último debate antes das eleições, promovido pela Rede Globo na noite de quinta-feira, para expor suas principais estratégias e visões de governo.
A candidata do governo e líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), usou a maior parte de seu tempo para promover os projetos da gestão atual, como o fortalecimento de empresas estatais e o investimento em ferrovias.
"O governo do presidente Lula não privatizou, pelo contrário, fortaleceu a Petrobras", disse a candidata. "E você só consegue isso valorizando o funcionário público. E nós fizemos vários concursos públicos", acrescentou.
O candidato José Serra, do PSDB, também aproveitou o debate para expor seus principais projetos quando ministro da Saúde, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, incluindo a definição de um investimento mínimo para a saúde no país.
"Em 2000, o Congresso aprovou proposta minha a respeito de vinculação de recursos. A situação hoje na saúde está ruim, mas estaria ainda pior não fosse essa iniciativa", disse o ex-ministro.
Já a candidata do PV, Marina Silva, em mais de uma ocasião sugeriu que o país precisa ser governado com uma visão "mais abrangente", e não de forma "segmentada", reforçando a principal bandeira de sua campanha: a sustentabilidade.
"Precisamos pensar na infraestrutura do país para o século 21", disse. "Vamos ter um plano de ferrovias, de hidrovias, mas com cuidado para proteger as riquezas ambientais", completou.
Para o candidato Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), as principais propostas para o país dependem de mais recursos, que só serão obtidos com a moratória da dívida externa.
"Metade das casas no Brasil não tem rede de esgoto, o que custa R$ 35 bilhões em oito anos. Resolvo isso não pagando a divida externa", sugeriu o candidato.
Farpas
Ao contrário dos debates anteriores, as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil e de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra não foram mencionadas durante o evento da Rede Globo.
Dilma Rousseff e José Serra, que lideram as pesquisas, optaram por não fazer perguntas entre si e preferiram trocar farpas, no debate com os outros adversários, por meio de referências indiretas aos governos de que participaram.
Os comentários mais ácidos do debate ficaram a cargo dos outros dois candidatos. Marina Silva, por exemplo, criticou o "perfil gerencial" dos dois principais candidatos, que, segundo ela, "olham para os ganhos, e não para os desafios".
A candidata Dilma Rousseff, que havia feito a pergunta, comentou que "quando se está no governo, não se faz teoria". "A gente tem que agir", disse.
Quando teve a chance de falar diretamente a Marina Silva, que havia questionado os planos do tucano sobre o Bolsa Família, Serra sugeriu que a candidata do Partido Verde não usasse "sua régua para pedir os outros".
"Eu diria que você e Dilma têm muitas coisas parecidas. Vocês estiveram juntas no governo Lula. Você esteve no governo do mensalão", disse Serra.
Assim como Marina Silva, o candidato do PSOL também trouxe para o debate um discurso mais crítico quanto a seus concorrentes. Para ele, todos os três candidatos "são iguais" porque defendem a "bolsa credor", referindo-se aos juros sobre a dívida pública.
"Estamos no nosso quinto debate e vocês nunca falam nos seus partidos. Vocês têm vergonha de seus partidos? Eu falo no PSOL toda vez", disse Plínio.
Um dos poucos momentos de reação da plateia foi quando Dilma Rousseff, em resposta a Plínio, disse que as "doações oficiais" eram expostas no site da campanha.
A candidata logo percebeu o equívoco e acrescentou que "todas as doações são oficiais". Diante dos risos da platéia, Dilma reagiu: "Lamento o riso de quem tem outras práticas".
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