13 cidades são "focos" de compra de votos em MT
Um "raio-x" inédito traçado pela Justiça Eleitoral sobre candidatos de Mato Grosso aponta pelo menos 13 municípios como grandes focos de compra de votos no Estado. Conhecidas como "chocadeiras", essas cidades vão receber atenção especial no combate à corrupção na véspera da eleição deste domingo (03).
O "raio-x" conta com informações da Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Procuradoria Regional Eleitoral e juízes eleitorais. O trabalho foi feito a partir de um levantamento sobre os candidatos mais denunciados nas campanhas passadas, além de processos que eles respondem nesse ano e que chegaram à Justiça Eleitoral por vários meios, principalmente a Ouvidoria do Tribunal (0800 647-8191). Centenas de denúncias foram recebidas e estão sob investigação.
O que mais chamou atenção das autoridades envolvidas no trabalho, até o momento, foi que justamente nas cidades conhecidas como "chocadeiras" alguns candidatos receberam nas últimas eleições votações acima do normal. Há casos de um político apenas ter obtido mais de 50% dos votos de uma cidade na eleição de deputado em 2006, mesmo não tendo base política na região.
"Esse tipo de fato nos causa estranheza e é por isso que essas cidades vão receber atenção especial. Apesar de, a princípio não configurar crime, há um claro sinal de que esses municípios têm sido usados como centro de compra de votos", afirmou ontem o procurador regional eleitoral, Thiago Lemos de Andrade.
A relação dos municípios conhecidos como "chocadeiras" não foi divulgada, já que a partir de amanhã policiais devem desembarcar nessas cidades para apurar a compra de votos. O principal objetivo é monitorar grandes concentrações na véspera da eleição.
Um dos elementos que integra o "raio-x" é a relação exigida de cabos eleitorais contratados por todos os 362 candidatos. O presidente do TRE, Rui Ramos, afirma que essas informações poderão ser conferidas com a prestação de contas da campanha para investigar crimes como o abuso de poder econômico, "Caixa 2", já que os gastos não poderão ser omitidos da prestação oficial das contas dos concorrentes, bem como a compra de votos através da contratação forjada.
Mesmo se eleitos, os candidatos envolvidos em corrupção eleitoral vão responder a ações judiciais de investigação que podem custar a eles o mandato. Vão ajudar na fiscalização cerca de 6 mil policiais militares, além de 60 promotores e 60 juízes eleitorais.
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