TRE mapeia os candidatos para coibir irregularidades

A Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) realizou um inédito raio-x de todos os candidatos de Mato Grosso, inclusive com informações sobre bases políticas, crimes e condenações que pesam contra eles. O trabalho, realizado em conjunto com a Procuradoria Regional Eleitoral, Polícia Federal e juízes eleitorais, vai fundamentar a instauração de processos para punir eventuais irregularidades. Servirá ainda para atuação das polícias no dia da eleição de 3 de outubro.

O trabalho foi concluído nessa semana e apresenta uma mapeamento da situação de todos os 362 candidatos do Estado em cada município mato-grossense. Como muitos casos ainda estão sendo investigados, os detalhes não foram divulgados pela Corregedoria.

De acordo com o TRE, o trabalho inédito em Mato Grosso foi desenvolvido ao longo dos últimos meses e usou dos mais variados dados estatísticos para detalhar a situação de cada candidato, identificando inclusive aqueles que detêm o maior índice de denúncias, as espécies de condutas irregulares praticadas por eles e as bases eleitorais de cada um. Eles receberão atenção especial.

Com base nessa radiografia, foram definidas ações estratégicas para o efetivo combate à corrupção eleitoral e aos crimes em geral com adoção de inúmeras medidas até o dia das eleições. Algumas dessas ações já foram desencadeadas pela Polícia Federal e Ministério Público Eleitoral e foram definidas em conjunto através de reuniões que têm sido feitas por todas as instituições envolvidas no trabalho.

Além das informações colhidas pelos 60 juízes eleitorais do Estado e Polícia Federal, o TRE também conta com dados fornecidos por cidadãos comuns através do Disque-Denúncia da Ouvidoria (0800 647-8191). Centenas de denúncias foram recebidas e estão sob investigação.

Outra estratégia adotada pelo Tribunal no combate aos crimes eleitorais foi a exigência do cadastramento de cabos eleitorais, o que foi cobrado de todos os candidatos do Estado. Com o cadastro de eleitores, o presidente do TRE, desembargador Rui Ramos, afirma que a instituição pretende coibir a prática de caixa 2, já que os gastos não poderão ser omitidos da prestação oficial das contas dos concorrentes, bem como a compra de votos através da contratação forjada.

Compra de votos - Os dados da radiografia levaram as autoridades a optar também por priorizar a força policial no dia da eleição. Cerca de 6 mil policiais federais, militares e da Polícia Civil vão trabalhar no dia 3 de outubro. Atenção especial vai ser dada aos maiores colégios eleitorais do Estado, como Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Cáceres, Alta Floresta, Barra do Garças, além de localidades distantes dos centros urbanos, principalmente nas zonas rurais, onde muitos concorrentes ainda insistem em comprar votos e manter "currais eleitorais".

Para tentar colaborar com o trabalho do TRE, Polícia Federal e Procuradoria, o coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Antônio Cavalcante Filho, o Ceará, afirma que a instituição também estará de olho nos crimes e, para coibir essa prática, vai continuar recebendo até mesmo no dia da eleição denúncias pelo endereço eletrônico "www.mcce-mt.gov". "Isso é algo que não podemos mais aceitar e por isso estamos à disposição".