Chavismo vence eleições legislativas, mas não alcança maioria absoluta
Oito horas após o fechamento das urnas, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciou que a base governista venceu as eleições legislativas na Venezuela. A divulgação da apuração estava prevista para às 20h de ontem, porém só saiu por volta das 2h30 (horário local, 4h em Brasília) desta segunda-feira.
Segundo as agências de notícias, o partido chavista teve ao menos 90 do total de 165 cadeiras -- apesar da vitória, os governistas não alcançaram maioria absoluta e terão de discutir as mudança na legislação com a oposição. A oposição conquistou ao menos 59 cadeiras.
O líder da aliança MUD (Mesa da Unidade Democrática) delclarou que a oposição teve 52% dos votos. "Somos maioria, temos 52% dos votos", declarou Ramón Guillermo Aveledo, porta-voz da MUD.
O presidente Hugo Chávez comemorou a vitória pelo Twitter. "Bem, meu queridos compatriotas, tem sido uma grande jornada e obtivemos uma sólida vitória. Suficiente para dar continuidade ao Socialismo Bolivariano e Democrático. Devemos continuar fortalecendo a Revolução! Uma nova vitória do Povo! Felicito a todos!", escreveu no microblog.
ATRASO
O atraso na divulgação gerou irritação na oposição. O secretário-executivo da coligação opositora venezuelana, Ramón Guillermo Aveledo, exigiu, já na madrugada desta segunda-feira, que o Conselho Nacional Eleitoral divulgue os resultados da eleição de domingo. "Eles [o governo] já sabem o que aconteceu; nós já sabemos o que aconteceu", esbravejou Aveledo, insinuando que a oposição ganhou a eleição ou pelo menos obteve uma votação superior à esperada.
Os cinco reitores do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) iniciaram uma reunião às 22h (horário local, 20h30 em Brasília) para proceder a totalização dos votos dos diversos estados do país antes de oferecer o primeiro boletim sobre os resultados das eleições parlamentares.
Jorge Silva/Reuters | ||
Hugo Chávez acena para a imprensa antes de se dirigir à mesa de votação; líder disse que "vai respeitar" resultados |
O reitor do CNE, Vicente Diaz, pediu paciência por volta da 0h (local, 1h30 em Brasília) por meio do microblog. "Paciência. Há cargos muito disputados", escreveu. Já o presidente citou Bolívar para pedir calma. "Esperemos e não nos desesperemos meus Candangueros e Candangueras! Cito Bolívar: Preparem-se para a vitória que carregam na ponta de vossas lanças", escreveu Chávez.
Por volta das 3h30, tópicos relacionados as eleições venezuelanas chegaram a ocupar os três primeiros lugares dos trending topics mundiais (lista de assuntos mais comentados) no Twitter, com os nomes "Ley Seca", "Sistema Electoral" e "#CosasQuePasaranAntesDelBoletin".
De acordo com a agência internacional de notícias, France Presse, as autoridades locais decidiram aumentar a segurança nas ruas de todo o país para evitar incidentes após a divulgação dos resultados. Segundo o chefe de Comando Estratégico Operacional, Henry Rangel Silva, a segurança é para evitar "acontecimentos infelizes".
ELEIÇÕES
Mais de 17,5 milhões venezuelanos votaram neste domingo para eleger os 165 integrantes da Assembleia Nacional. O pleito foi marcado por um clima de tranquilidade, informaram as autoridades. Longas filas persistiam até as 18h local (19h30 em Brasília), horário previsto para o fechamento das seções eleitorais, que ficaram abertas até receber o último voto.
Chávez, após emitir o seu voto na tarde de ontem, defendeu o atual sistema eleitoral do país e disse que vai respeitar os resultados do pleito.
"Há 20 anos, eu vi com estes olhos quando a direita roubou os votos descaradamente da esquerda", declarou o presidente.
Chávez considerou ainda que o que importa hoje é o processo democrático empreendido durante os últimos 12 anos, desde que assumiu o poder. "Tivemos 11 anos de eleições", disse.
O chefe de governo voltou a declarar que vai respeitar os resultados do pleito deste domingo, sejam "favoráveis ou não", pois "este é um processo participativo, senão o maior, um dos maiores do mundo".
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