Meirelles ameniza temores sobre entrada excessiva de dólares na economia
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, procurou nesta sexta-feira em Nova York amenizar temores sobre a entrada excessiva de capital estrangeiro na economia brasileira após a supercapitalização da Petrobras.
Ele se recusou, porém, a detalhar como será feita a compra de dólares do Fundo Soberano pelo BC e disse apenas que a quantidade e momento das transações serão definidas pelo Tesouro.
"É razoável supor que a capitalização da Petrobras marcou um ingresso expressivo de divisas. Não há previsão de outros lançamentos da mesma dimensão. Mas temos uma política já bastante clara de adquirir o excesso de liquidez de moeda estrangeira na economia brasileira", disse Meirelles.
Para ele, a decisão de deixar a cargo do BC a compra de dólares do fundo foi algo extremamente "positivo e adequado", pois isso evita que se disperse esse tipo de operação por vários órgãos.
Ontem à noite, a Petrobras anunciou que levantou R$ 120,36 bilhões (US$ 70 bilhões) na maior venda de ações já feita no mercado de capitais. O montante equivale a 4,2% do PIB brasileiro em 2009.
Indagado sobre a tendência de valorização do real, ele disse que "o governo está tomando as medidas necessárias para manter o equilíbrio da economia".
Mas repetiu várias vezes que "o BC tem a política de não divulgar decisões futuras" e não comentou como serão os mecanismos operacionais de atuação a respeito da compra de moeda estrangeira.
Sobre a economia brasileira, Meirelles afirmou que "há um preço para o sucesso" --custo definido por ele como o potencial de acúmulo de crédito de risco causada pela entrada excessiva de dólares.
"É importante a adoção de medidas prudentes do BC e estamos acompanhando de perto a situação para evitar o crescimento indesejável do crédito de risco."
Meirelles falou à imprensa após apresentação organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA em Nova York na qual abordou o impacto para o Brasil das decisões tomadas no acordo da Basileia 3.
O presidente do BC disse que o país possui nível de capitalização mínimo adequado, mas serão necessários ajustes em relação à qualidade desse capital.
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